O boi está encontrando um viés, depois de reverter a pressão no começo de novembro, porém não está espalhado e tem hora marcada para ceder.
É mais em São Paulo, depois de um regime de confinamento menor e as últimas saídas dos lotes a termo negociados pelos frigoríficos, enquanto a chega o impulso sazonal de consumo de fim de ano.
Mas o animal precisa comer. E o produtor também começa a gastar mais para engordar, tendo que recorrer à ração já com repique de alta.
Esse é o efeito rebote que já está sendo detectado no Centro-Oeste, sobretudo, depois que as pastagens foram fritadas pela onda de calor e aridez. Deverá se espalhar para o Sudeste.
Não há silagem à vontade - que também precisa ser paga, depois que os grandes confinadores saíram comprando.
Pequenos e médios produtores venderam. As escalas de abate dos frigoríficos andaram. Francisco Manzi, superintendente da poderosa Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat), ele próprio precisou vender por não conseguir engordar à base de grãos, os assim chamados volumosos.
No entanto, esse boi vai acabar, enquanto os pastos vão lutar para uma recuperação da massa verde, boa, que deverá atrasar para fim de janeiro, começo de fevereiro, mesmo que as chuvas se espalhem em bons volumes daqui para frente.
Aliás, a recuperação dos pastos vai andar ao lado das expectativas de recuperação das lavouras de soja, entre plantio e replantio, e sua influência sobre o milho de inverno.
Haverá algumas exceções, no entanto de volume pequeno. O Norte mato-grossense, mais próximo do regime climático amazônico, tende a ter capim mais rápido. Em Rondônia, em exemplo, até já tem rebrota encorpando com poucos dias de umidade, como informou o ex-comprador da Mafrig (MRFG3 (BVMF:MRFG3)) de Ji-Paraná, Sérgio Ferreira.
Enquanto há soja disponível dos Estados Unidos e a quebra no Brasil não estiver clara, ainda os preços em Chicago são controlados. Dispara um dia, como na terça-feira, quando subiu mais de 16 centavos de dólar, depois volta, balizando o cenário brasileiro com os dados das demandas, aqui e dos Estados Unidos.
Nesta passagem da quinta (30) anda de lado, entre US$ 13,40 e US$ 13,80.
O milho também segue assim, porque os fundos aguardam para ver o quanto a safra de inverno do Brasil possa ser prejudicada na medida em que a soja vai sair mais tarde e o plantio do cereal tende a ser fora do prazo ideal – à exceção do Paraná, o segundo maior produtor.
Só que na B3 (BVMF:B3SA3), o milho tem mais peso de mercado interno. O negociado para janeiro está buscando os R$ 70 a saca. Os vencimentos mais longos já estão entre R$ 72 e R$ 73. No início de novembro, antes da crise climática mais forte, eram cerca de R$ 5 a R$ 10 mais baixos.
Para os frigoríficos, há contrapartidas, tradicionalmente entre boas e outras menos.
As boas é que há um pouco mais de circulação de dinheiro na praça, juntando salários e as parcelas do 13º, e ainda algumas promoções do varejo, o que sustenta o boi mais caro.
Ainda de positivo, as exportações mostram fôlego para fechar novembro acima de 200 mil toneladas, superando novembro 22 e outubro, volumes que acabam absorvendo um pouco a pressão sobre os preços praticados pelos chineses.
As outras contrapartidas, contrárias, são que dezembro tem menos dias úteis, o mercado brasileiro morre depois do Natal, aí vem o sempre fraco janeiro, com as férias escolares. Ao passo que pelo flanco externo a China compra um pouco até a extensa paralisação do Ano Novo Lunar.
Entre 22 de janeiro e 10 de fevereiro os chineses saem totalmente das compras (de tudo).