O World Agricultural Supply and Demand Estimates (WASDE) de novembro deveria ser o definitivo em termos de formação de preços para os grãos. Não o foi, assim como o mercado praticamente ‘pulou’ o de dezembro.
No próximo, dia 12, a situação tem tudo para ser diferente. O primeiro relatório de 2024 do balanço global do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) poderá selar os rumos das cotações em Chicago.
No Brasil e na Argentina pouco tempo haverá para uma reversão das expectativas para a soja – e até para o milho.
A colheita brasileira da soja já estará um pouco mais avançada em trechos do mato Grosso, o plantio atrasado concluído, e as chuvas mais presentes nas regiões mais críticas do Centro-Oeste dando sinais de recuperação da produtividade.
Para fevereiro, os mapas meteorológicos são mais generosos para o Brasil, embora persistirá temperaturas elevadas recordes.
Na Argentina, a semeadura já estava com clima melhor desde novembro.
Por mais que se alimentem esperanças entre os agricultores brasileiros, inconformados com a falta de preços mais altos, acima de US$ 13,50 ou US$ 14 (entre vencimentos mais curtos e longos) ante relatos de prejuízos severos, não haverá mudanças significativas favoráveis a eles.
Qualquer coisa abaixo de 5 milhões de toneladas a menos que o USDA apresente para o Brasil, sobre as 161 milhões de toneladas de dezembro (contra 163 mi/t de novembro), seria já um número fora dos padrões para os padrões do órgão.
Esperar o mercado trabalhar com cortes mais profundos, todos vindos do mercado brasileiro, nem pensar.
Coisa de 20 a 30 milhões de toneladas a menos, sobre as projeções primárias, no início da safra, de 165 milhões/t – o que se constituiria em redução de cerca de 10 a 15 milhões/t sobre as 155 milhões/t de 22/23 -, é praticamente fora de cogitação.
Mas qualquer exercício mais radical que se faça, inclusive arriscando que o WASDE deste mês seja ‘pulado’ para mostrar, em fevereiro – aí, sim, definitivo -, uma oferta brasileira de 150 milhões de toneladas, o fator argentina é visto como compensador.
Se com a quebra brutal do país na safra passada, para 21 milhões de toneladas, não faltou soja, compensada pela brasileira, desta vez se inverte.
A Argentina caminha para 50 milhões de toneladas, no ou mínimo 48, no Paraguai e no Uruguai a melhora também é significativa, e os estoques mundiais pouco acima. Como não se conta com aumento de consumo global superior a 4 milhões de toneladas, fica tudo certo.
O analista Luiz Fernando Gutierrez, analista da Safras & Mercado, em entrevista ao Notícias Agrícolas, foi o mais carajoso até aqui ao estampar essa convicção.
Aliás, pode-se dizer que mais próximo de 145 milhões de toneladas do Brasil, o cenário ainda seria relativamente acomodado.