O grande nó para a próxima safra de grãos, a 24/25, e senão ainda a seguinte, vai ser o financiamento.
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Não que nunca tenha sido, mas desta vez tende a ser mais grave. Como sempre há necessidade de o produtor tirar do caixa para compor um mix com recursos que venham de fontes oficiais (cada vez mais curtas) ou do setor privado. Só que a receita que ele vai carregar do ciclo atual está virando pó, para a grande maioria, com a força de baixa das cotações e quebra de produção.
Soma-se o carrego de dívidas, que, segundo já se visualiza no Ministério da Agricultura (Mapa), mesmo recursos tomados do Plano Safra 23/24, a crédito subsidiado, ficarão pendentes em grande escala. O Mapa, inclusive, já está vendo saídas junto ao Ministério da Fazenda, em como oferecer novos reescalonamentos de dívidas – novos porque desde outubro alguns programas já estão em andamento. Na medida em que o risco sistêmico se espalha, algumas opções tradicionais para o produtor travar sua safra futura começam a se complicar.
O barter, pelo qual as revendas/distribuidoras de insumo, em parceria com as tradings, fornecem defensivos, fertilizantes e sementes, para o produtor honrar lá na frente com a produção, vai acabar ficando mais curto. As empresas aumentarão o spread e serão mais seletivas, deixando de fora da operação um número nada desprezível de agricultores.
Jonadan Ma, diretor-geral do Grupo Ma Shou Tau, de Uberaba, grande produtor, é um dos que acreditam em complicações. Inclusive por conta de alguma contaminação do mercado por algumas Recuperações Judiciais e Cédula de Produtor Rural (CPR) não honrada, bem mesmo porque os balanços das revendas estão no vermelho seguidamente desde o primeiro semestre de 2023.
A super safra derrubou os preços. Ainda há barter neste fim de janeiro sendo oferecido a R$ 130 a saca de soja, mas tende a cair mais especialmente se Chicago seguir com as cotações mais perto do US$ 12 o bushel. Além disso, haverá problemas de produtores que não conseguirão honrar os compromissos firmados para a safra atual, ante regiões onde a quebra foi mais severa. Isto é, não terão toda a mercadoria para entregar.
Do Plano Safra futuro, que nunca atende a todos, não se deve esperar muito mais que os R$ 363 bilhões do atual (27% sobre o 22/23) e os up grades em equalização de juros. A luta do governo para não perder o controle de gastos e evitar a deterioração das contas públicas, não deixam espaço para um crescimento dessa rubrica.
Fora dessas opções mais conservadoras, que ainda podemos lembrar da tomada de empréstimos puro e simples, via taxa Selic com spread, haverá de os produtores partirem mais para o risco, como a emissão de dívidas. Além das CPRs (com liquidação física e financeira) e os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs), ainda os Fundos de Investimentos no Agronegócio (Fiagros) terão um papel mais importante, embora deverão contar com “prêmio” mais elevado para atrair os investidores.
Naturalmente que não alcançam a todos, mas para algumas ilhas de produtores acabarão no mix de necessidades de hedge para os próximos plantios. Por exemplo, a Cortrijal, de Não Me Toque (RS), tradicional cooperativa brasileira, está estruturando um Fiagro para arejar a vida dos produtores, com prazo previsto de lançamento em março, com captação prevista acima de R$ 200 milhões.