O efeito negativo sobre as commodities agrícolas mais líquidas, arrastadas na segunda-feira pelo rodo do petróleo em Londres e em Nova York, chama a atenção pelas influências dessas externalidades na formação de preços.
Não exatamente pelo ineditismo, o que de fato não o foi, mas porque esses movimentos não seguem um padrão comum.
Em inúmeras ocasiões a soja, o milho e o trigo, os derivativos mais importantes em questão, não sofreram influência de incêndios de baixa ou de alta do óleo cru. Até final do 2023, com a derrocada da matéria-prima de energia, isso não aconteceu, diga-se.
Ontem, a soja e trigo caíram dois dígitos em centavos de dólar - em torno dos US$ 0,10 na oleaginosa e cerca de US$ 0,19 no cereal. Já o milho entregou mais de 1,20%.
Além de carregarem um pouco de fundamentos, como o potencial de alguma recuperação da soja no Brasil, por exemplo, vigoraram temores de sinais de desaceleração do consumo global resvalando em todos os setores da economia.
A Arábia Saudita correu a reduzir os preços do combustível, monitorando preocupações com a China, e o barril do tipo Brent recuou quase 3% em Londres (US$ 76). Em Nova York, o benchmark WTI caiu acima de 3% (US$ 70), depois de ambos abrirem o ano em recuperação via riscos no Mar Vermelho.
O mais curioso no caso da abertura desta semana, ainda acentuando essa ausência de padrão contra (ou a favor) da tomada de risco, é que nem o óleo de soja, e menos ainda o açúcar, os dois mais presos ao petróleo, sentiram efeito. O adoçante, por exemplo, se valorizou fixado a fundamentos setoriais.
O panorama serve também para os mesmos efeitos ‘erráticos’ que chegam do mercado financeiro sobre os ativos agrícolas negociados a futuros. Dólar index, yields dos Treasuries, juros nos Estados Unidos etc.
Se há essa desvantagem paras as commodities agrícolas, que é a quase imponderabilidade desses movimentos, difíceis de serem previstos quanto aos seus impactos nas cotações, por outro lado normalmente eles são pontuais – e às vezes duram pouco tempo.
Embora nem sempre as devoluções são do mesmo tamanho do dia anterior.
Nesta terça-feira (9), as telas já mostram alguma recuperação, mas ainda distantes da forte alta do petróleo, acima de 2%, com os fundos montando algumas posições novamente.