Já em terceiro lugar na produção mundial de milho em 2017, quando a americana FS Bioenergia inaugurou a primeira planta do País exclusiva de etanol do grão, o Brasil entrou tarde nesse biocombustível.
Passado pouco tempo, o setor amadureceu e cresceu. Só que ao chegar nesta safra atual, com cerca de 6,2 bilhões de litros (17% de todo mercado de etanol), as operações das 10 usinas exclusivas de etanol de milho (a última recém-inaugurada no Mato Grosso do Sul) não estão sendo carregadas pelo renovável.
O DDG, sigla do inglês para grãos secos por destilação), que serve de ração animal, está bancando a conta da maioria das empresas – inclusive das destilarias flex (11), que dividem a planta com o etanol de cana também.
A última previsão de União Nacional do Etanol de Milho (Unem), faltando metade do ano passado para se confirmar o boom do farelo de milho, como também é chamado, falava em participação de 25% na receita das destilarias. Já passa dessa marca, entre mercado interno e externo.
Os preços dos biocombustíveis vendidos às distribuidoras mal cobrem os custos, em consequência da mistura de prática de preços da Petrobras (BVMF:PETR4) na precificação da gasolina e o petróleo longe de ameaçar o mundo com a explosão de preços.
Não se pode dizer que se não fosse esse suplemento alimentar para a criação pecuária o setor estaria em situação precária porque, afinal, só existe DDG porque se processa o etanol.
Também não deverá haver descontinuidade dos projetos futuros, muitos já com funding, só porque o comércio de etanol não ajuda, mas o setor pode entrar algum ano com certo cuidado. Neste, por exemplo, uma nova usina está programada até dezembro.
O futuro é promissor para o etanol, com a Unem prevendo quase o dobro de produção até 2030, pela descarbonização fazendo parte da política de governo e, entre outros, pela oportunidade que se abre com o combustível de aviação. E o valor bem mais em conta do milho está amenizando as dores desde o ano passado.
No entanto, o que poderia ser chamado de derivado no passado, ou de coproduto, como se classifica hoje, virou produto mesmo.
Integra o mix da cadeia, como no setor de cana ninguém chama o etanol como coproduto do açúcar. São dois produtos.
“Nós somos produtores de DDG e por um acaso produzimos etanol”, brincou com o colunista o presidente da Unem, Guilherme Nolasco. Isso há mais de 2,5 anos.
A produção do farelo de milho está na ordem de 3 milhões de toneladas. Cresceu 700 mil toneladas. Não fosse o consumo crescente, as usinas não iriam terminá-lo e acabariam como rejeito, quando muito vendido como insumo de fertilizante sem agregação de valor.
Além da expansão dos confinamentos pelo Brasil, sobretudo dos próprios frigoríficos, que precisam terminar o boi mais rápido – e bem – para exportação, e dos plantéis de suínos e aves, as exportações estão no foco principal do negócio.
Mal começou o trabalho da Apex, a agência governamental de apoio às exportações - que neste ano agregará com a Unem uma ampla agenda externa de promoção -, e até os protocolos sanitários para garantir mercados estão ainda em desenvolvimento, e os embarques mais que dobraram em 2023 sobre 22.
Passaram de 600 mil toneladas e geraram mais de US$ 190 milhões, ultrapassando o dobro do conquistado um ano antes.
Até 2025, a alta deve ser de 34%, calcula Nolasco. Com China no comando, claro.