A circunstância da hora, que vai levar o Brasil a produzir mais algodão, vai precisar da circunstância futura. Uma, é o aumento da oferta da fibra brasileira, em área, correndo para dentro das terras que iriam para o milho, nesse cenário atual no qual haverá desistência de produtores em relação ao cereal diante do risco eminente de resultados fracos na safra de inverno. A outra, a circunstância futura, é se haverá consumo mundial suficiente para absorver todo o algodão.
No clássico de qualquer negócio, de que oferta abundante derruba preços desde que a demanda não a enxugue, então o setor vai ter que ficar contando com esse balanço. E tem outra circunstância na linha de frente: os Estados Unidos produziram menos na safra 22/23 pela forte seca do Texas, mas as perspectivas já vistas pelo Departamento de Agricultura (USDA) é a de haverá recuperação. Ainda há a Índia no radar.
Das 3,23 milhões de toneladas de fardos de algodão em pluma em 22/23, em mais 26%, colocou o país na terceira posição entre os maiores - e disputando a liderança em exportações, com mais de 2,6 milhões/t -, já se previa mais 2% para o próximo ciclo, com novos 1,81 milhão de hectares.
Mas isso, em dados da Abrapa, lá no ‘longínquo’ outubro, quando as condições de prejuízos em cascata da soja ao milho, pelo calor e seca sem precedentes, mal estavam no monitor. Há de se esperar mais ganhos. A última do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), de ontem, já deu o tom. O estado, com 70% da oferta nacional (vamos descontar a safra de verão, que é pequena), vai para área recorde de 1,35 milhão de hectares.
Dados também sujeitos a ser revisados, com certeza, e ainda com a Bahia saindo com o plantio atual acelerado, embora o clima não tenha ajudado. Lembra-se, por sinal, de que a SLC (BVMF:SLCE3) já anunciou que sairá mais pesada em fibra. Ao fim desse processo, o horizonte que se determina para essa matéria-prima que não vira comida é sobre o consumo não-prioritário, que depende exclusivamente de folga de caixa. Durante o pico da pandemia, não havia, como também ninguém circulava.
Então, a Ásia, sobretudo com China, tem que se apresentar de maneira mais presente, e o resto do mundo tem que ir bem para sugar as exportações daquela região – além de suas próprias produções locais.