O mercado de wealth management — que atualmente movimenta mais de R$ 2,4 trilhões no Brasil — vivencia um momento de expansão. Este cenário reflete o avanço da riqueza entre indivíduos de alta renda e a crescente demanda por serviços financeiros personalizados, que vão além dos tradicionais produtos de gestão de patrimônio. A seguir, confira as principais tendências que vão definir o futuro da gestão de fortunas no Brasil:
1. Digitalização com uso de IA e plataformas digitais
A digitalização tem transformado o mercado financeiro, e o wealth management não é uma exceção. O uso de robo-advisors — plataformas automatizadas que oferecem gestão de investimentos com base em algoritmos — está crescendo significativamente. Eles são ideais para clientes que buscam soluções de baixo custo e fácil acesso, oferecendo desde a gestão básica até estratégias mais sofisticadas com o auxílio de IA (Inteligência Artificial).
À medida que a tecnologia evolui, espera-se que os robo-advisors se tornem ainda mais personalizados, capazes de considerar não só o perfil de risco, mas também os objetivos financeiros de longo prazo, valores e preferências dos clientes, como a busca por investimentos sustentáveis.
Além disso, as plataformas digitais se tornarão mais integradas, oferecendo aos investidores uma visão holística de suas finanças, que incluirá investimentos tradicionais, ativos alternativos, imóveis e até criptomoedas. Com a possibilidade de acessar dados em tempo real, por meio de visualizações intuitivas e insights preditivos, os investidores poderão tomar decisões mais informadas e rápidas.
2. Personalização e atendimento híbrido
A personalização deve se tornar ainda mais refinada, o que envolve não apenas oferecer produtos financeiros sob medida, mas entregar uma experiência altamente personalizada. O futuro do atendimento será híbrido, combinando a conveniência das plataformas digitais com a experiência do consultor financeiro.
O cliente poderá interagir com robo-advisors para serviços mais simples e recorrer ao consultor para questões complexas, como planejamento sucessório ou aconselhamento estratégico. A chave será a integração perfeita entre essas abordagens, oferecendo ao cliente flexibilidade para escolher o nível de envolvimento desejado.
Além disso, o uso de big data e análise preditiva permitirá uma personalização mais profunda. As plataformas poderão analisar grandes volumes de dados, prevendo mudanças nas necessidades financeiras dos clientes e oferecendo recomendações proativas. Isso permitirá ajustes rápidos nos portfólios, sempre alinhados aos objetivos dos clientes.
3. Ascensão dos investimentos sustentáveis
O ESG tem se tornado um dos critérios mais importantes para investidores ao redor do mundo. A crescente demanda por produtos financeiros sustentáveis está sendo liderada especialmente pelas novas gerações, que querem alinhar seus investimentos aos valores pessoais, como preocupações com mudanças climáticas, justiça social e governança corporativa ética.
A Resolução 179 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que regulamenta os fundos de investimento sustentáveis, exemplifica o avanço desse cenário. A normativa visa aumentar a transparência e a confiabilidade dos investimentos, garantindo aos investidores que seus recursos estão sendo aplicados de maneira ética, responsável e sustentável.
4. Gerações Y e Z como agentes de mudança
As novas gerações de investidores — millennials e geração Z — também estão redefinindo o mercado de wealth management. Essas gerações têm demandas muito diferentes de seus predecessores: preferem plataformas digitais com interfaces intuitivas e esperam uma experiência sem atritos para tomar decisões com base em dados em tempo real. Além disso, são mais informadas sobre finanças e abertas a investimentos alternativos. A chave para atrair essas novas gerações será oferecer uma experiência totalmente integrada, que combine a tecnologia de ponta com o conhecimento especializado.
5. Planejamento sucessório e internacionalização de patrimônio
À medida que mais investidores brasileiros buscam diversificação internacional, a abertura de empresas no exterior tem se tornado uma estratégia para muitos. Para auxiliar nesse processo, a assessoria jurídica especializada desempenha um papel essencial. Consultorias jurídicas e fiscais que orientam sobre como abrir empresas em jurisdições internacionais, além de fornecer aconselhamento sobre questões de impostos e compliance, têm se tornado cada vez mais procuradas.
Investidores de alto patrimônio devem considerar soluções de planejamento sucessório internacional para garantir a proteção de seus bens em diferentes países. Isso envolve a abertura de trusts, fundos fiduciários e holding companies em jurisdições como os Estados Unidos, Europa e Ásia, que oferecem benefícios fiscais e proteção patrimonial. Essas estratégias não só protegem os ativos, como também permitem uma gestão mais eficiente do patrimônio.
Em resumo, para conquistar o investidor de alta renda, as gestoras deverão integrar tecnologias de ponta com uma abordagem holística e personalizada, oferecendo soluções inovadoras que atendam às necessidades específicas de cada cliente. Nesse cenário, as capacidades de inovar, entender as mudanças no comportamento do investidor e alinhar as estratégias aos novos valores sociais serão decisivas para o sucesso no mercado de gestão de fortunas no Brasil.