A despeito da persistência de incertezas no cenário político-econômico local, nossas mais recentes conversas com as Empresas que acompanhamos dão conta de que não se pode ficar parado para sempre.
Na indústria, uma quase paralisação da entrada de novos pedidos entre março e abril deu lugar a um ritmo cauteloso, porém persistente, de encomendas. Superado o primeiro baque da pandemia no país, clientes buscam recompor seus estoques adequando-se ao novo ritmo de negócios.
No varejo, empresas se reinventam. Quem já tinha forte presença online trata de defender território, à medida que competidores menos afeitos ao e-commerce se lançam ao mercado digital na marra, com diferentes taxas de sucesso. Vender na internet é questão de sobrevivência em um momento no qual operações físicas seguem majoritariamente fechadas — ainda que, em certas regiões do Brasil, a reabertura já seja realidade.
Variam os impactos nas empresas de infraestrutura. A depender do caso, as penas do curto prazo são vistas como oportunidades de rediscussão do equilíbrio econômico-financeiro das concessões. São maiores as chances de sucesso naqueles onde o impacto é mais óbvio e generalizado, como é o caso de aeroportos legados à iniciativa privada. No setor elétrico, avança a construção de uma solução setorial para evitar inadimplência em cadeia, por conta da queda de arrecadação das distribuidoras.
Ninguém está parado. Pelo contrário: decisões são tomadas dia após dia.
Uma das decisões possíveis para muitas empresas, que antecipamos no Nord Dividendos, era o ajuste das políticas de proventos às incertezas do curto prazo. Adotamos, em um primeiro momento, uma postura altamente conservadora com relação à remuneração aos acionistas em meio à pandemia.
Foi uma decisão acertada: diversas empresas, de fato, se movimentaram nesse sentido. Persistiu, de nosso lado, a percepção de que os ajustes de curto prazo não mudam a capacidade estrutural das teses de investimento — e, na maioria dos casos, valuations são tais que vale a pena esperar.
Mas, para além disso, mais uma expectativa nossa se concretiza: à medida que a visibilidade aumenta, algumas empresas percebem que impactos diretos sobre seus negócios são de tal monta que, talvez, sequer faça sentido alterar distribuições. A mensagem começou a ser propagada logo após os resultados do 1T20.
O resultado? Começamos a rever para cima nossas expectativas de proventos para algumas de nossas recomendações — que, com Selic a 3 por cento, devem entregar quase o triplo da taxa básica de juros na forma de dividendos.
Ou seja: há excelentes oportunidades em dividendos mesmo para quem não quer esperar pela normalização da situação.
A crise não impacta a todos da mesma maneira.