Artigo publicado originalmente em inglês no dia 11 de abril de 2018.
A cotação do petróleo atingiu nova máxima na terça-feira, já que o mercado reagia à uma combinação de geopolítica, mídia e forças do mercado. O WTI atingiu US$ 65,60, um ganho de 3,38%, ao passo que o Brent fechou em alta de 3,38%, cotado a quase US$ 71. Alguns declínios devem ser esperados, já que fica evidente ao mercado que apenas um desses fatores impacta realmente na oferta global de petróleo.
1. Conflito na Síria
A Síria, que está atualmente envolvida em uma guerra civil que dura anos, não produz muito petróleo e nem há algum oleoduto ou gasoduto significativo passando pelo país. No entanto, notícias de um possível ataque norte-americano contra o regime de Assad em retaliação ao recente ataque supostamente realizado com armas químicas fez com quem os preços subissem na terça-feira. O temor é que uma resposta dos EUA e de seus aliados possa agravar a situação, o que faria os preços do petróleo subirem mais.
Uma campanha multinacional de bombardeio em resposta ao suposto ataque com armas químicas poderia acontecer nas próximas 72 horas. A cotação do petróleo poderia permanecer elevada em antecipação a esta campanha. Os mercados poderiam também ver um aumento nos contratos futuros de petróleo se os EUA e aliados bombardearem a Síria. No entanto, o conflito na Síria não impacta realmente nos estoques de petróleo; logo, quaisquer ganhos provavelmente seriam revertidos em curto prazo.
2. Reportagem da Bloomberg
A cotação do petróleo também subiu em resposta à matéria da Bloomberg que relatava que a Arábia Saudita tenta fazer a cotação do petróleo chegar a US$ 80 por barril. A manchete dizia "Arábia Saudita sinaliza ambição de US$ 80 no preço do petróleo", mas a própria matéria deixou claro que os sauditas não definiram de fato os US$ 80 como seu preço preferido.
O número de US$ 80 parece ser uma percepção que "pessoas que falaram com [autoridades sauditas]" tiveram com base em "conversas" com autoridades sauditas. Independentemente se Khalid Al Falih, ministro saudita do petróleo, está de fato visando o preço de US$ 80 por barril, o artigo e sua manchete ajudaram a cotação do petróleo a se aproximar dessa meta. Entretanto, as palavras e as ações da Arábia Saudita na próxima reunião do comitê de monitoramento da Opep, a ser realizada em 20 de abril, são o que realmente importam. O comitê de monitoramento deverá fazer uma recomendação sobre o futuro do acordo de cortes na produção entre a Opep e países externos à organização.
3. Produção saudita
O Ministério do Petróleo da Arábia Saudita anunciou que planeja manter suas exportações de petróleo constantes em 7 milhões de barris por dia no mês de maio. A Arábia Saudita produz mais petróleo do que isso, mas está lentamente canalizando a maior parte de seu petróleo bruto para refinarias e usinas petroquímicas domésticas para exportar produtos refinados.
Isso ajuda a Arábia Saudita a manter as receitas ao mesmo tempo em que dá sustentação a preços mais altos do petróleo. De todas as três questões, esta é a única que irá de fato impactar a oferta de petróleo no mercado nas próximas semanas.