- Ações da GM estão tendo um ano extraordinário
- Gerência tem uma estratégia de longo prazo para avançar na eletrificação de veículos e direção autônoma
- Apesar da perspectiva favorável no longo prazo, os investidores devem se preparar para a volatilidade no curto prazo, com um possível declínio até US$56 nas próximas semanas.
Os investidores da General Motors (NYSE:GM) (SA:GMCO34) tiveram um ano extraordinário até agora. As ações da empresa acumulam alta de 40% no ano.
A fabricante de veículos sediada em Detroit divulgará seus resultados do 2º tri em 4 de agosto. Nossa expectativa é que os papéis ganhem volatilidade até lá, mas os investidores de longo prazo, com horizontes de dois a três anos, podem considerar uma posição na GM neste momento. As razões são as seguintes:
Ventos a favor da GM no longo prazo
Com uma história que remonta a 1908, a General Motors criou marcas de veículos emblemáticos ao longo de décadas. No entanto, tanto a GM quanto suas concorrentes enfrentaram desafios em 2020 devido à pandemia. A indústria também vem enfrentando a recente escassez de circuitos integrados (chips).
Gráfico: cortesia de ev-volumes.com
Por outro lado, no ano passado, o interesse dos investidores por veículos elétricos e fontes alternativas de energia atingiu o seu pico. Mais de 3 milhões de veículos elétricos foram vendidos em todo o mundo em 2020. Muitos investidores consideram que a Tesla (NASDAQ:TSLA) (SA:TSLA34) seja o nome mais bem-sucedido no caminho para a eletrificação automotiva.
Mas é preciso lembrar que montadoras mais estabelecidas, como a Ford (NYSE:F) (SA:FDMO34) e a General Motors, também estão entrando na revolução dos veículos elétricos (VEs).
A General Motors anunciou resultados do 1º tri no início de maio. Seu faturamento ficou praticamente estável a US$32,5 bilhões. O lucro líquido, por outro lado, saltou para US$3 bilhões em comparação com US$0,3 bilhões no 1º tri de 2020. O LPA ajustado e diluído foi de US$2,25.
Ao falar sobre os resultados, a CEO Mary Barra ressaltou:
“Embora nossa produção tenha sofrido interrupções no segundo trimestre, nossa expectativa é que o primeiro semestre seja forte. Estamos reafirmando nossas projeções para todo o ano”.
Dessa forma, apesar da escassez de semicondutores, a General Motors reiterou suas perspectivas para todo o ano de 2021. A empresa estima que seu lucro líquido fique na faixa de US$6,8-7,6 bilhões, ou LPA ajustado e diluído entre US$4,50-5,25.
Nos últimos meses, a gerência destacou que a companhia irá alocar recursos consideráveis para o crescimento do segmento de veículos elétricos.
Os investidores gostaram da nova direção que a companhia está tomando.
Os investidores da GM de longo prazo também ficaram entusiasmados com a Cruise, empresa de direção autônoma que tem participação da General Motors. Outros parceiros comerciais são Microsoft (NASDAQ:MSFT) (SA:MSFT34), Honda (NYSE:HMC) (SA:HOND34), Softbank (OTC:SFTBY) e Walmart (NYSE:WMT) (SA:WALM34).
Nos últimos 12 meses, as ações da GM entregaram um retorno de cerca de 115%. A ação encerrou o pregão de quarta-feira cotada a US$58.
Entre os 21 analistas pesquisados pelo Investing.com, a classificação era de outperform, ou acima da média. Com preço-alvo médio de 12 meses de US$72,25, isso representaria um retorno de mais de 22%.
Os múltiplos de preço-lucro e preço-valor contábil são de 9,5, 0,7 e 1,82, respectivamente. Para fins de comparação, esses mesmos múltiplos para a Tesla são 673,71, 17,92 e 27,97.
Em suma, Wall Street está otimista com a General Motors. Acreditamos que as ações da GM estão atraentes do ponto de vista de valor. Com base na posição da gerência em relação ao mercado de veículos elétricos e direção autônoma, acreditamos que a ação cairia bem em uma carteira de longo prazo.
Ações da General Motors devem registrar volatilidade no curto prazo
Apesar dessa perspectiva favorável para as ações da GM no longo prazo, a ação pode enfrentar ventos contrários no curto prazo, principalmente até a divulgação dos resultados na quarta-feira, 28 de julho, antes da abertura.
Chart: Investing .com
Os investidores que acompanham os gráficos técnicos podem se interessar em saber que as ações da GM podem andar de lado nas próximas semanas, principalmente entre US$55 e US$60.
Desde o início de junho, as ações já se desvalorizaram cerca de 10%, fornecendo um bom ponto de entrada para investidores buy-and-hold. Mesmo assim, ainda pode haver uma correção até o nível de US$56 ou até mais.
Também devemos notar que o beta (β) da GM é de 1,33, uma medida de volatilidade de um ativo em relação ao mercado geral.
Dessa forma, uma empresa como a GM cujo beta é maior que 1 um é mais volátil do que o mercado. Isso significa dizer que, com um beta de 1,33, a GM possui um nível de volatilidade 33% maior do que a média do mercado. Em outras palavras, a expectativa é que seus preços oscilem principalmente no curto prazo.
Como parte da análise do sentimento no curto prazo, seria importante analisar os níveis de volatilidade implícita das opções da GM. A volatilidade implícita geralmente mostra a opinião do mercado acerca de potenciais movimentos em um ativo, mas não prevê a direção do movimento.
A volatilidade implícita atual da GM é de 33,2, ou seja, é maior do que a média móvel de 20 dias de 30,9. Isso significa dizer que sua volatilidade implícita está em tendência de alta.
Em suma, os gráficos e os mercados de opções indicam que é preciso ter cautela. Em razão do Beta elevado das ações da GM, a expectativa é que seus preços registrem grandes oscilações. Nossa estimativa inicial é que o papel possa registrar um recuo até o patamar de US$56. Caso esse declínio ocorra, os investidores de longo prazo encontrariam o melhor valor de entrada.
Possíveis operações
Para os leitores que acreditam que a General Motors ainda tenha espaço para subir, podem considerar inseri-la em seus portfólios de longo prazo.
Dependendo de cada alocação individual de portfólio e dos perfis de risco/retorno apresentamos abaixo três tipos de operações. As operações baseiam-se na cotação intradiária da GM de US$58,96 no dia 14 de julho. Alertamos, no entanto, que os cálculos apresentados abaixo não consideram custos operacionais nem impostos.
1. Comprar GM nos níveis atuais:
Os investidores que não estão preocupados com os movimentos diários de preço e não querem aguardar uma possível correção de cerca de 5% a 7% em relação aos níveis atuais, podem considerar investir agora mesmo na GM.
A expectativa é que esses investidores mantenham suas posições por diversos meses, enquanto as ações da GM tentam realizar outro teste da máxima histórica a US$64,30.
Considerando que a entrada seja feita no preço atual de US$58,96 e realize a saída a US$64,30, o retorno da operação seria de um pouco mais de 9%.
Também recomendamos que os investidores posicionem suas ordens de stop a cerca de 3% abaixo do ponto de entrada.
2. Usar opções LEAPS como alternativa às ações da GM:
Os investidores que desejam adquirir 100 ações da GM precisariam investir US$5.896 (preço atual de US$58,96 x 100 ações).
Muitos investidores que acreditam na alta da GM, esse investimento pode ser considerável. Como alternativa, eles podem considerar opções de compra (calls) com um delta de 0,80, como as opções com strike de 45 para 20 de janeiro de 2023. Essa opção é atualmente oferecida a US$17,80.
Já falamos sobre o funcionamento e o perfil de risco/retorno de LEAPS anteriormente. Mas, em termos simples, o delta mostra quanto se espera que o preço de uma opção se movimente com base em uma variação de US$ 1 no ativo-objeto.
Nesse exemplo, se a GM subir US$1, para US$59,96, a expectativa é que o preço da opção de US$17,80 aumente aproximadamente 80 centavos, considerando um delta de 0,80. Entretanto, a mudança real pode ser um pouco mais ou um pouco menos, com base em diversos fatores.
O perfil de lucro-prejuízo dessa operação variará constantemente conforme o preço das opções subjacentes muda. Contudo, em 20 de janeiro, seu break-even seria em um preço subjacente de US$62,80. Para chegar a esse número, é possível adicionar o prêmio atual de opção de US$17,80 para o preço de exercício (strike) de US$45,00, ou seja, US$62,80.
O retorno máximo de alta é indeterminado, dependendo da cotação em que se encontrem as ações da GM no dia em que um investidor encerrar a posição.
Os investidores devem ter em mente que, embora o vencimento seja em janeiro de 2023, essa opção de longo prazo tem uma data de expiração. À medida que se aproxima o dia de vencimento, a opção vai perdendo valor em ritmo acelerado. Se as ações da GM despencarem e fecharem abaixo de US$45 em janeiro de 2023, o prejuízo máximo seria de US$1.780. Por isso, a gestão operacional será importante para quem decidir adotar a estratégia com opções.
3. Vender uma put com margem de garantia:
Nossa terceira opção de operação envolve uma estratégia com opções de venda com margem de garantia. Cobrimos recentemente essa opção em diversos artigos.
O investidor pode vender uma put com strike em US$57,50 para 17 de setembro, que atualmente é oferecida a US$3,18.
Considerando que o investidor entre nessa estratégia de venda de put aos preços atuais, o potencial de alta mantém esse prêmio a US$318, desde que as ações da GM fechem acima de US$57,50 quando a opção expirar. O valor de US$318 seria o retorno máximo dessa operação.
O lado negativo é que, se as ações da GM ficarem abaixo de 57,50 antes da expiração, podem receber a designação de 100 ações de cada put vendida ao custo de US$ 57,50.
Na expiração, essa operação teria um break even ao preço de US$54,32.
Conclusão
A General Motors está investindo agressivamente na tecnologia de veículos elétricos, e a gerência quer se aproveitar desse momento no mercado de energias alternativas. Por isso, as ações da GM, que já tiveram um excelente ano, podem continuar oferecendo ganhos extraordinários nos próximos trimestres. É preciso lembrar que a jornada pode ser volátil antes do início da próxima pernada de alta.