Mesmo com uma série de desafios macroeconômicos e geopolíticos no cenário, os gestores dos fundos multimercados vêm entregando bons retornos. Em 2022, o retorno acumulado é de +10,70 por cento.
Indo fundo nos multimercados
Os fundos multimercados macro são muito interessantes. Eles são um modelo bastante adaptativo, pois são capazes de se adaptar a diferentes cenários e momentos.
Se de fato mudamos de regime global, após anos de ampla fartura e liquidez, os multimercados são a estratégia perfeita para se aproveitar desses deslocamentos macroeconômicos.
É essa flexibilidade de poder ganhar dinheiro em diferentes mercados e com muitos instrumentos (juros, moedas, bolsa, commodities etc.) que torna o produto formidável e tem ajudado muito nos resultados.
Fora isso, trata-se de uma estratégia que se “apoia” no CDI. O objetivo de um multimercado é gerar um retorno acima do CDI, afinal, todo dinheiro que entra nos fundos já é remunerado pelo CDI.
É por isso que, para um gestor multimercado, não há diferença entre juros a +2 por cento, +10 por cento ou +50 por cento, porém para o cotista faz diferença. Um fundo que pretende gerar um retorno de CDI + 5 por cento, com CDI de +2 por cento, pode lhe render +7,1 por cento, enquanto um CDI de +14 por cento lhe gera +19,70 por cento.
O momento não poderia ser melhor para a categoria, mas não é o que vemos nos dados.
Saques dos fundos multimercado
Recentemente, saiu uma reportagem no Valor Econômico, que contou com a minha participação, sobre as perdas de captação dos fundos multimercado.
De acordo com a publicação, em 2022, a fuga de capital dos fundos multimercado somou 75,4 bilhões de reais até 1º de agosto. Em 12 meses, os saques beiram os 100 bilhões de reais.
Em outras palavras, há grandes saídas de dinheiro da classe. A questão então é: por que os multimercados têm saques apesar do bom retorno?
A resposta por trás desse comportamento dos investidores pode estar na competição com fundos de crédito, com papéis de dívida com isenção de imposto de renda e com os próprios títulos bancários.
A performance dos multimercados em 2021 não foi ruim, deram de +115 a +120 por cento do CDI, mas também não foi extraordinária, enquanto os fundos de crédito bons fizeram mais que isso e sem volatilidade aparente para o cotista médio.
Fundos com altos retornos e baixa volatilidade são tudo que um investidor quer.
Porém, acredito que isso vai cobrar seu preço mais à frente. Olhando nos anos à frente, veremos os multimercados gerando ótimos retornos.
E, novamente, veremos influxo de cotistas que, mais uma vez, entrarão após a crista da onda passar.
Invista e diversifique sua carteira
Por natureza, investir é uma atividade contracíclica.
Entendo que para quem tiver paciência, olhando três anos à frente, teremos uma ótima safra para os multimercados.
Em geral, o FOF (Fundo de Fundos) é uma boa alternativa para aquele investidor que está com pouco dinheiro ou tem dificuldade para montar uma carteira de investimentos, bem como uma gestão profissional.
Adicionalmente, os FOFs permitem acesso de investidores comuns a investimentos também para investidores qualificados (até 20 por cento da alocação). Para quem não tem 1 milhão de reais em patrimônio, é uma forma de acessar.
Em relação à estrutura de custos, é equivalente às taxas de aplicação direta em fundos, logo, o custo final é bastante próximo ao de produtos de características semelhantes.
O FOF também é uma alternativa para quem quer diversificar a carteira com uma única aplicação. Além disso, não é exigido aporte mínimo e você pode aportar qualquer valor.
O multimercado oferece ainda versatilidade, ou seja, se adapta a diferentes ambientes de mercado, diversificação e flexibilidade.
Espero que tenham gostado da leitura.