Os Fundos Imobiliários apresentaram forte desempenho positivo no mês de agosto, com o IFIX valorizando 5,76% e se aproximando do valor de 3.000 pontos, patamar perdido desde março de 2020, no início dos efeitos da pandemia do Covid-19 no Brasil. O grande destaque do mês foram os fundos de tijolo, ou seja, aqueles que investem diretamente em imóveis.
O índice Teva ITIT, que mede a performance dos fundos dessa classe listados na B3 (BVMF:B3SA3), valorizou 11,1% em agosto, enquanto o ITIP, índice Teva que mede a performance dos fundos imobiliários de papel, desvalorizou -0,3% no mesmo período. O Ibovespa também apresentou forte recuperação no mês passado, com alta de +6,16%, porém o desempenho em 12 meses fica bastante aquém do IFIX, com uma diferença superior a +16% a favor do principal índice dos FIIs.
* Calculado pro-rata die, de acordo com o último índice divulgado.
O otimismo dos investidores com as bolsas e os ativos de renda variável nos Estados Unidos no mês de julho deu lugar ao ceticismo e as quedas dos principais índices que medem a performance das ações americanas em agosto. Os analistas esperavam que o Federal Reserve (Fed), Banco Central americano, fosse capaz de suavizar o ciclo de alta de juros em curso para conter a inflação, resultando em menos impactos negativos para a economia, porém, em um discurso amplamente esperado pelo mercado, Jerome Powell, presidente do FED, reafirmou o compromisso de conter a inflação “custe o que custar”, o que fez com que o mercado projetasse uma alta maior do que o previsto para a taxa básica de juros em sua próxima reunião, o que deve impactar negativamente a economia e os lucros das empresas de forma mais relevante.
No Brasil, o Banco Central aumentou a Selic, taxa básica da economia brasileira, em +0,50% ao ano no início de agosto, movimento antecipado pelo mercado. No discurso pós-reunião do Comitê de Política Monetária – COPOM, o tom foi de final de ciclo, ou seja, restou apenas a dúvida se haverá ou não um aumento residual (+0,25%) na Selic para a próxima reunião ou se esse ciclo teve fim no mês passado. O IPCA de julho apresentou deflação de -0,68%, como esperado, enquanto o IPCA-15 de agosto apresentou deflação de -0,73%. Tais números, alinhados as expectativas decrescentes de inflação para os anos de 2022 e 2023, podem sinalizar que o ciclo de contração monetária realmente chegou ao fim e que a Selic deve se manter no patamar atual até o 1º semestre de 2023, quando há a expectativa de se iniciar um ciclo de cortes na taxa de juros.
Esse cenário deflacionário atual e de queda das expectativas de inflação no futuro, com a consequente expectativa de diminuição da taxa de juros, favoreceu os fundos imobiliários, principalmente os FIIs de tijolo. Já há algum tempo alertamos para o fato desses fundos estarem sendo negociados em bolsa por valores descorrelacionados com os preços praticados na economia real e dos seus fundamentos e vemos agora a premiação dos investidores que aproveitaram a irracionalidade do mercado para comprar com desconto. Ao nosso ver, porém, esse é um movimento que está apenas no início, já que os preços ainda nos parecem bastante descontados e o ciclo econômico e imobiliário pode ser longamente favorável aos FIIs.