Os fundos de investimentos registraram, em novembro, resgates líquidos de R$ 19,6 bilhões, ampliando o fluxo negativo no acumulado do ano para R$ 25,7 bilhões. As informações são do Valor.
Segundo a publicação do jornal, nos fundos de renda fixa, os saques foram de R$ 16 bilhões em novembro, o terceiro mês consecutivo de retiradas. No acumulado do ano, a classe ainda apresenta um fluxo positivo de R$ 74,5 bilhões.
O que motiva a retirada
As saídas têm sido intensificadas em algumas classes de dentro da indústria de fundos. Nos últimos meses, com uma Selic mais alta, observamos um movimento de competição também com os títulos isentos (CRI,CRA), classe que cresceu absurdamente no último ano. Em um ambiente de juros altos, esses instrumentos isentos de IR têm chamado ainda mais a atenção do investidor.
Outro ponto que pode justificar o resgate de recursos da indústria de fundos é o aumento do endividamento das famílias. O brasileiro segue alavancado, em muitos casos inclusive com perda de renda real de salário. Acredito que, nesse ambiente, o brasileiro pode estar também resgatando investimentos para quitar potenciais dívidas ou como forma de recompor renda — temos visto isso claramente nos resgates de poupança e pode explicar os resgates de renda fixa.
Sugestões de onde investir
Sem clareza sobre como vai evoluir o quadro fiscal com a troca no Planalto, a aversão a risco se mantém entre os investidores.
O que enfrentaremos daqui para frente é a velha lógica do Brasil, com o executivo liderando mais gastos à frente. O resultado disso, no primeiro mandato do governo Lula, foi um juro real de 10% e no segundo de 6,29%.
Dessa forma, no que investir neste cenário de incertezas futuras?
Entre as melhores opções em cenário de juros maiores estão os multimercados.
Levando em conta o cenário de que o Banco Central precisa manter os juros altos por mais tempo, os multimercados funcionam muito bem, afinal essa é a base de retorno de qualquer investimento na classe (eles são sempre CDI +).
A título de exemplo, se um fundo multimercado gerou um retorno de 5% acima do CDI do período (digamos, 14%), ele teria um retorno de 19,7%.
Adicionalmente, fora todo esse benefício, os multimercados são uma classe muito adaptativa e flexível, podendo operar comprado, vendido, dentro e fora do Brasil, vários mercados diferentes, por exemplo.
Em um cenário instável localmente, acredito que essa seja uma classe que tende a se destacar por conseguir aproveitar assimetrias em diferentes mercados. Logo, é importante ter multimercados na carteira.
Além dos multimercados, os Fundos de Fundos (Funds of Funds, em inglês) se apresentam como outro caminho para seus investimentos.