Com a expectativa de queda da taxa básica de juros diante da conversão da inflação para a meta do Banco Central, os investidores começam a buscar formas de diversificar suas carteiras além da renda fixa. Neste sentido, o mercado de ações se torna o alvo mais óbvio. Afinal, o valor dos papéis é beneficiado em um cenário de juros menores, ainda mais quando se trata de buscar as pagadoras de dividendos. A equação, entretanto, não é tão simples assim.
Não há dúvidas de que investir em ações é uma estratégia de longo prazo. Mas compor uma carteira de ações em busca de renda passiva ou dividendos não é uma tarefa fácil. Selecionar ações para comprar e manter, o famoso by and hold, requer uma análise fundamentalista apurada, acompanhamento do papel e resultados da empresa, além de observar o melhor momento para sua aquisição. Tudo isso demanda tempo e conhecimento de mercado.
Além disso, há outros desafios: falta de escala para reinvestir os proventos e diversificar o portfólio, o que torna a diversificação e o balanço das carteiras mais difíceis. Outro ponto que merece atenção é o equívoco de comprar o passado pensando que se repetirá no futuro. É comum investidores confiarem nas listas de ações voltadas a dividendos que performaram bem anteriormente e aplicarem nos papéis, sem fazer projeções sobre o desempenho futuro. Porém, em alguns casos, as empresas têm eventos extraordinários que ocasionam em distribuição fora do comum que não irá se repetir.
Por estes e outros motivos, a indicação para quem quer começar a alocar em ações, ampliando o alcance de sua carteira na espera de uma queda da taxa de juros, é buscar um fundo de dividendos. O objetivo deste tipo de fundo não é somente ter um portfólio menos arriscado de empresas, com menos volatilidade que o Ibovespa e mais retorno no tempo, mas também ser um mecanismo robusto de crescimento e uma ótima forma de se construir um patrimônio para aposentadoria e previdência. É um produto que reduz o risco agregado de outros produtos de renda variável
Ao alocarem em fundos assim, os investidores ficam expostos à rentabilidade da bolsa de valores sem assumirem riscos relacionados às empresas em crescimento (growth), que dependem de fluxo de capitais, ou descontadas (value), cuja incerteza quanto ao futuro dos negócios leva vários a abandoná-las antes de sua maturação, por medo ou, simplesmente, por falta de conhecimento dos negócios. Em geral, as melhores pagadoras de dividendos são empresas maduras, com posições consolidadas em seus respectivos mercados de atuação, capacidade de geração de resultados estruturalmente superiores à sua necessidade de reinvestimento e posição financeira saudável. Desta forma, costumam apresentar menores riscos do que a média do mercado.
O recebimento periódico de proventos diminui a dependência das oscilações de preço e humores do mercado para rentabilização do capital, além de possibilitar a construção de fluxos de renda passiva – seja para reinvestimento, seja para custear outros objetivos financeiros. Aplicar através de fundos em dividendos é uma forma de investidores estarem na Bolsa de Valores, mas um produto que reduz o risco agregado de outros produtos de renda variável, além de gerar um fluxo crescente de proventos ao longo do tempo.