Um dos receios da eleição de Donald Trump sempre foi o seu caráter mais intempestivo, como demonstrou durante a campanha, através de suas mensagens via twitter e nas declarações que faz sem a cautela esperada do líder da maior economia do planeta.
Nesta semana o presidente americano voltou a ameaçar a Coréia do Norte, que replicou com novas provocações, e o tom mais duro de Trump provocou uma retração de ativos de risco, uma valorização do índice de volatilidade em mais de 50% e uma ligeira apreciação do dólar e dos metais preciosos.
Difícil dizer se ele fez isto com intenção de alertar à Coréia ou para ganhar apoio dos americanos depois de estar sentindo dificuldade em seu governo entregar o que havia prometido. Obviamente os americanos tem receio do que o maluco líder Kim Jong-un pode fazer, portanto o movimento de Donald o ajuda com o eleitorado.
O CRB na quinta-feira sofreu uma queda forte, dia que o café também perdeu a força que estava tendo. Dos componentes do índice o açúcar mais uma vez foi o que mais caiu nos últimos cinco dias, -6.65%, seguido pelo contrato de gado, -4.96% e do trigo, -3.41%. O gás-natural, o níquel e o alumínio foram os destaques de ganho, com altas de 7.46%, 7.17% e 6.62%, respectivamente.
O arábica em Nova Iorque negociou no mais alto patamar desde o dia 24 de fevereiro último em uma alta acentuada que para ser mantida precisa atrair interesse de compra novo, dado que tudo o que vimos até agora foi uma liquidação de mais de 40 mil contratos da posição vendida dos fundos.
Londres teve oscilações mais agudas de mais de US$ 50 por tonelada em dois dias, conseguindo segurar acima da média-móvel de duzentos dias.
Fundamentalmente o ponto de maior destaque talvez seja a desvalorização das moedas de algumas origens, de carona na verdade na recente puxada do dólar em geral, e no leve barateamento dos diferenciais de países produtores que em qualidade momentaneamente substituem Brasil – claro que não em volume suficiente.
As exportações brasileiras de julho totalizaram apenas 1,751,804 sacas, o menor nível desde fevereiro de 2004 e curiosamente os estoques no destino teimam em não cair – há um “atraso” na resposta, natural.
O noticiário internacional tem transpirado os problemas com broca que acontecem no Brasil, uma conversa por ora ainda não digerida pelos agentes, os quais acreditam ser menos importante do que acompanhar o clima.
Com relação ao clima os traders que não estão de férias acham prematura a conversa, dado que agosto é um mês de seca e o “estresse” hídrico é bem-vindo até que comece o período das chuvas – quando então é preciso ter continuidade nas precipitações.
As ofertas no mercado FOB brasileiro alargando levemente, apesar da reposição não ter ficado tão diferente, dá sinais de que novas altas dos preços atrairão um volume maior de venda no terminal.
Falando nisso o relatório do CFTC divulgado na sexta-feira mostrou os comerciais vendendo 11,217 lotes, virtualmente o mesmo tanto que os fundos recompraram de suas posições vendidas, 11,184 contratos.
O posicionamento dos fundos no lado da compra impressiona pela apatia e preocupa sobre a continuação do movimento de alta. Nem mesmo o rompimento de médias-móveis importantes atraiu o interesse destes participantes apostarem em novas altas. O motivo principal me parece ser a expectativa geral de uma safra 18/19 grande, ainda que distante, e o custo de carregar posições compradas no café, que economicamente não faz sentido dado ser um mercado que sempre tem o “carrying-cost” (o mês presente menor do que os meses futuros).
A moeda brasileira no fim de sessão na sexta-feira pulou de R$ 3.17 para quase R$ 3.22 com rumores não confirmados sobre novas delações afetando a capacidade de resposta do governo à deterioração das contas fiscais do país.
Tecnicamente Nova Iorque precisa segurar acima de US$ 137.50 centavos por libra para evitar uma queda rumo aos US$ 132.00 centavos e as resistências no gráfico estão a US$ 141.30, US$ 143.75 e US$ 145.40 centavos por libra, base o contrato de setembro17.
Uma ótima semana e bons negócios a todos,