“O dinheiro infinito está disponível para a mente que está pronta, disponível, qualificada e que se dá a permissão de aceitá-lo.” — Mark Victor Hansen.
Depois de uma jornada de estudos sobre o colapso da FTX, tenho um insight muito interessante para compartilhar. Em entrevista concedida no dia 27 de abril de 2022, Sam Bankman-Fried descreveu o passo a passo de como criar uma máquina de dinheiro infinita. Ao que tudo indica, ele não só pode ter utilizado essa máquina para tocar o seu fundo de investimentos da Alameda Research, como pode ter sido a responsável pelo colapso da corretora FTX. Vou mostrar um pouco sobre como funciona a máquina do dinheiro infinito:
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Passo 1: Criar um token
Esse é o passo mais simples, basta criar um novo projeto com um token qualquer, o qual faça o mínimo de sentido para o mercado.
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Passo 2: Distribuir “⅓” do token para o mercado, guardar “⅔” no próprio bolso
Depois distribuímos para o mercado apenas uma pequena parte total dos tokens criados e guardamos a maior parte deles no nosso próprio bolso.
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Passo 3: Promover o token para fazer o preço subir
Basta promover o seu token e fazer bastante alarde na comunidade para que o preço de tela do token suba bastante. Aqui vale tudo, o importante é fazer barulho.
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Passo 4: Ficar rico
Quando a parcela de tokens que colocamos à disposição do mercado estiver com um bom preço de tela, teremos uma fortuna com os que guardamos no bolso e que nunca viram a luz do dia.
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Passo 5: Ao invés de despejar o token, colocá-lo como colateral e pegar um empréstimo
Esse é o passo mais estratégico. Um amador venderia os seus tokens para lucrar em um esquema clássico de PUMP-&-DUMP, mas isso não ajuda na construção da máquina do dinheiro infinito.
Ao invés de vender os tokens que guardamos, oferecemos como colateral para realização de empréstimos em dólar e assim conseguirmos embolsar um bom dinheiro sem ter que vender nem um token sequer, o que inclusive ajuda a manter o preço do token subindo.
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Passo 6: Embolsar parte do empréstimo e usar o resto para criar um novo token
Enquanto uma parte do valor obtido com o empréstimo pode ser embolsada, é interessante que a outra seja utilizada para se criar um novo token.
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Passo 7: Repetir o processo e fazer dinheiro infinito
O que a Alameda e a FTX fizeram?
O token FTT foi criado pela FTX e distribuído para Alameda, o qual possui grande quantidade do ativo em si. Até o dia 6 de novembro, a Alameda tinha US$ 5 bilhões em FTT, enquanto todo o resto do mercado detinha apenas US$ 3 bilhões para negociação, excelente exemplo dos dois primeiros passos da máquina do dinheiro infinito.
Além disso, o SBF e a FTX promoveram amplamente o token. Um dos rituais mais marcantes do Sam era a compra regular do token a mercado para depois queimá-los, algo que ele fazia semanalmente e que divulgava insistentemente em seu Twitter pessoal, ajudando a criar euforia em relação ao preço de tela do token.
A Alameda utiliza seus tokens FTT como colateral para fazer empréstimos. Com mais de US$5 bilhões investidos no token apenas em seu portfólio, a corretora conseguiu fazer grandes quantias de empréstimos. Mas quem estava emprestando?
Por incrível que pareça, dois grandes credores da Alameda eram a Voyager e a BlockFi, as mesmas duas empresas que o SBF comprou e resgatou quando estas estavam com problemas financeiros. E para onde estava indo o dinheiro que foi pego emprestado? Isso não podemos dizer com certeza, mas sabe-se que uma boa parte foi reinvestida em projetos do ecossistema da Solana e em tokens SOL.
A Alameda/FTX era uma Máquina de Dinheiro Infinito?
Não é possível afirmar com toda a certeza, uma vez que nem todas as evidências garantem isso, mas o fato é que o comportamento da parceria da Alameda com a FTX é muito similar à descrição genérica da “Máquina do dinheiro infinito” dada pelo SBF no podcast de abril, o fato de que ambas as empresas são do próprio Sam.
De todo jeito, as operações da Alameda chegaram ao ponto de que a empresa assumiu US$ 8 bilhões em dívidas, fato que foi descoberto por uma reportagem da Coindesk, e que desencadeou todo o colapso das duas empresas, culminando na oferta de compra da FTX pela Binance.