Na abertura do mercado da última segunda-feira (23/10) as indústrias testaram o mercado, o que fez as cotações cederem em algumas praças.
Na média, as escalas dos frigoríficos atendem em torno de uma semana, e com o escoamento sem reação, as indústrias ficam, de certa forma, um pouco mais “confortáveis” para testarem preços abaixo da referência.
Vale ressaltar que nestes patamares menores, os negócios travam.
O destaque fica por conta da retomada das atividades do JBS (SA:JBSS3) em Mato Grosso Sul, isso acalma o mercado, que viveu grande tensão na semana passada, com o anúncio da paralisação.
O mercado atacadista de carne com osso, após fechar a última semana em estabilidade, segue estável. A carcaça de animais castrados está cotada em R$9,25/kg.
Com a entrada do período final do mês, no qual o consumo de carne sazonalmente tem retração, o escoamento tende a se manter em baixa e alterações para este mercado não estão descartadas.
Mercado de carne bovina frouxo há mais de um mês
Mercado praticamente estável.
O preço médio atual, R$11,53/kg, repetindo o que vimos na terceira semana de outubro, é o menor desde a primeira quinzena de setembro.
Os preços subiram, quase que linearmente entre a última semana de julho e a segunda de setembro. Neste período, a expectativa de segundo semestre típico, com valorizações para a carne bovina, situação que daria condição para que a arroba do boi gordo subisse, vinha se confirmando. O mercado subiu 7,5%.
Mas, agora já são cinco semanas de mercado frouxo, acumulando queda de 1,6%. Embora a desvalorização tenha sido pequena, é o comportamento que preocupa. Passamos por pagamento de salários, feriado, e estamos no mês em que sazonalmente as vendas aumentam, e nada disso fez os preços subirem.
Enquanto isso, as indústrias veem, aos poucos, suas margens crescerem. A diferença entre o preço pago pela arroba e a receita dos frigoríficos, que está em 26,5%, é a melhor desde agosto.
Embora possa parecer o contrário, esse fato, sozinho, não é suficiente para alavancar o mercado do boi. A margem pode chegar aonde for, se a necessidade de intensificar a compra de matéria-prima não vier a partir da melhora nas vendas de carne, não há porque os compradores intensificarem a busca por boiadas e, consequentemente, pagarem mais pelo animal terminado.
Em resumo, por mais que os indicadores econômicos tenham melhorado, o mercado de carne bovina, cuja elasticidade renda é elevada, demonstra que o poder de compra da população ainda não melhorou como esperado. Ao pecuarista, atenção ao consumo.
Por Breno de Lima e Alex Santos Lopes da Silva (Scot Consultoria)