As vendas de carne de frango no atacado da Grande São Paulo se enfraqueceram ainda mais nos últimos dias diante dos desdobramentos da operação Carne Fraca da Polícia Federal. Como resultado, os preços, principalmente dos cortes, recuaram, segundo levantamento do Cepea. Entre 16 e 23 de março, o peito de frango resfriado se desvalorizou 5,2%, com o quilo do produto cotado a R$ 4,88 nessa quinta-feira, 23. As baixas só não são maiores por conta da oferta reduzida de animais para abate no primeiro trimestre deste ano. No front externo, importantes compradores da carne de frango brasileira, como China e União Europeia, suspenderam temporariamente as aquisições, no aguardo de uma maior definição quanto às investigações. Com menos embarques, a possibilidade de sobreoferta de carne de frango no País gera receio no setor quanto a preços ainda menores.
OVOS: OFERTA RESTRITA MANTÉM PREÇOS FIRMES
O setor de ovos ainda não sentiu os reflexos da operação Carne Fraca da Polícia Federal. Nesta semana, os preços se estabilizaram, após sucessivos aumentos desde meados de fevereiro e depois de atingir recorde nominal na semana anterior. Isso porque, a oferta escassa manteve os valores firmes. Entre 16 e 23 de março, o valor médio do ovo tipo extra, branco, entregue na Grande São Paulo, subiu 0,65%, indo a R$ 99,50/cx nessa quinta. Quanto ao ovo tipo extra, branco, a retirar em Bastos, a valorização foi de 0,81%, fechando a R$ 93,55 no dia 23. No caso do ovo tipo extra, vermelho, a variação foi positiva em 1,07%, a R$ 117,17/cx, nos últimos sete dias para o produto colocado na Grande SP. Para o ovo tipo extra, vermelho, a retirar em Bastos (SP), a alta foi de 0,47% no mesmo período, indo a R$ 111,44/cx.
BOI: PECUÁRIA VIVE MOMENTO DELICADO E NEGOCIAÇÕES TRAVAM
Nos últimos dias, a pecuária brasileira, setor responsável por 7% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional e que, “dentro da porteira”, emprega mais de 3 milhões de pessoas, vem atravessando momento bastante delicado. Embora a operação Carne Fraca, da Polícia Federal, tenha como principal foco a investigação de indústrias de embutidos, o mercado bovino foi fortemente afetado, desde o frigorífico até o produtor. De acordo com pesquisadores do Cepea, na sexta-feira, 17, dia em que a Operação foi divulgada, o ritmo de negócios esteve significativamente lento. Assustados e preocupados com as possíveis repercussões, muitos representantes de frigoríficos consultados pelo Cepea suspenderam as compras ou pressionaram com força os valores na aquisição de novos lotes. Vendedores, por sua vez, só aceitaram negociar com pagamentos à vista, quando, em situações normais, muitos comercializam seus animais com prazos. No entanto, nestes negócios à vista, frigoríficos pagaram valores inferiores, com deságios. Muitos colaboradores indicam que negócios foram postergados para a primeira semana de abril. No início desta semana, diante da confirmação de embargos nas importações por parte de importantes compradores da carne bovina nacional, o mercado ficou travado, sem negócios. Com 23 anos de pesquisa diária e ininterrupta, a equipe de coleta de preços de Pecuária do Cepea nunca vivenciou um mercado como o dessa terça-feira, 21. Em muitas praças, não houve relatos de negócios nem de preços “abertos” para comercialização de novos lotes. O setor ficou em compasso de espera. Alguns poucos negócios e o abate foram resultados de contratos já fechados anteriormente.
CITROS: FRACA DEMANDA E MAIOR OFERTA PRESSIONAM COTAÇÕES
Os preços das frutas cítricas acompanhadas pelo Cepea estão em queda. Segundo pesquisadores, a pressão vem do ritmo lento das vendas no mercado de mesa, devido à entrada da segunda quinzena e às temperaturas mais baixas, e do aumento gradual da oferta de precoces da safra 2017/18. De 20 a 23 de março, a laranja pera registrou média de R$ 40,84/cx de 40,8 kg, na árvore, queda de 6% em relação à da semana anterior. Entre as precoces, a laranja lima foi cotada a R$ 31,84/cx de 40,8 kg, na árvore, recuo de 12% no mesmo período. A hamlin, por sua vez, teve média de R$ 29,04/cx nesta semana, baixa de 10%. Para abril, agentes consultados pelo Cepea acreditam que a disponibilidade de todas as variedades crescerá ainda mais, fundamentados na previsão de clima favorável ao desenvolvimento dos frutos que ainda estão nos pomares.