Cálculos do Cepea indicam que a produção brasileira de carne de frango pode crescer 3,34% em 2018 frente ao ano anterior. A demanda, por sua vez, deve aumentar menos, entre 1,32% e 1,57%, o que indica que o Brasil deve gerar excedente de carne de frango em 2018. Segundo pesquisadores do Cepea, esse cenário mostra que, novamente, o setor vai depender fortemente das exportações e reforça a necessidade de a avicultura nacional seguir cumprindo os requisitos sanitários exigidos por importantes demandantes internacionais. Quanto ao escoamento no mercado doméstico, a competitividade da carne de frango mais elevada – em decorrência dos preços mais baixos em 2017 – pode aquecer o consumo nacional. Além disso, a possível recuperação da economia e a melhoria de outras variáveis macroeconômicas em 2018 tendem a favorecer a demanda interna, à medida que eleva o poder aquisitivo da população.
OVOS: APÓS RECUAR EM 2017, EXPORTAÇÃO PODE SE RECUPERAR EM 2018
Depois de registrar fraco ritmo no ano passado, as exportações de ovos podem se recuperar em 2018, devido à recente abertura de novos mercados internacionais. No final de 2017, a África do Sul liberou as importações de ovos in natura e processados provenientes do Brasil. No longo prazo, o aumento do número de países importadores e o maior volume produzido podem contribuir para elevar a inserção do Brasil no mercado internacional. No mercado doméstico, espera-se que a modesta recuperação econômica do País, prevista pelo Banco Central do Brasil (BC), contribua para estimular a demanda por ovos, seja por parte da indústria de alimentos ou pelo consumo in natura. Por outro lado, o crescimento da economia e a redução da inflação podem favorecer o aumento do poder aquisitivo do brasileiro em 2018, estimulando o consumo de proteínas mais caras, como as carnes bovina, suína e de frango. Dentro da porteira, estimativas da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) indicam que, em 2018, a produção nacional de ovos será entre 5% e 6% superior à do ano passado. Diante disso, a capacidade de absorção dos mercados doméstico e externo é de extrema relevância para a determinação dos preços que serão recebidos pelos produtores e, consequentemente, para o desempenho do setor.
SUÍNOS: PARA ESCOAR EXCEDENTE EXPORTÁVEL, SETOR PRECISARÁ AMPLIAR DESTINOS
Estudo do Cepea indica que o consumo doméstico de carne suína pode aumentar 1,63% em 2018, o que corresponde a 49,6 mil toneladas a mais frente ao estimado para 2017. Esse incremento na demanda tem como base o cenário mais conservador de crescimento do PIB previsto pelo Banco Central do Brasil (BC), de 0,62% em 2018. Já dentro da porteira, o Cepea calcula aumento de 2,38% na produção de carne suína. Com isso, os excedentes exportáveis seriam 5,27% superiores em 2018 frente ao ano anterior. Neste contexto, o desafio da suinocultura nacional neste ano será ampliar os destinos da carne brasileira no mercado externo. Em 2017, os maiores importadores da carne suína brasileira foram Rússia, Hong Kong e China, que, juntos, adquiriram 68,4% de todo o volume embarcado até novembro. Caso o consumo nacional de carne suína aumente mais, a quantidade de excedentes exportáveis tende a aumentar menos. Quanto ao cenário doméstico, as possíveis recuperação da economia e retomada do crescimento em 2018 tendem a elevar o consumo geral da população. Com isso, a expectativa é de aquecimento na demanda por carnes.
CITROS: DISPONIBILIDADE DE LARANJA E DO SUCO PODE SER LIMITADA EM 2018/19
Após produção elevada em 2017/18, a safra 2018/19 pode ser novamente de oferta controlada no estado de São Paulo e no Triângulo Mineiro. Isso porque, com o clima desfavorável durante o “pegamento” dos chumbinhos da primeira florada (a principal), que dariam origem às frutas da próxima temporada, perdas foram relatadas em três das quatro principais regiões produtoras de citros de SP. O primeiro relatório do USDA referente à próxima safra brasileira de laranja, divulgado em dezembro, indica produção de 320 milhões de caixas de 40,8 kg em 2018/19 em SP e no Triângulo Mineiro, queda de 19% em comparação com 2017/18. Além disso, a recuperação de 93% dos estoques de suco de laranja nas processadoras paulistas em junho de 2018 ainda não sinaliza excesso de oferta de suco. A safra será suficiente apenas para amenizar os estoques bastante baixos de 2016/17. Quanto à lima ácida tahiti, a colheita também deve ser menor em 2018. Segundo colaboradores do Cepea, além da perda de parte das flores (devido ao clima quente e seco), muitas frutas miúdas foram colhidas em novembro e dezembro, antes do período ideal.