Nem consequência da Reforma Tributária e nem de fluxo cambial mais intenso para o Brasil, nem de queda da volatilidade, que até subiu um pouco ontem, mas tão somente a percepção, generalizada globalmente, de que a moeda americana tende a acentuar a fragilização ante as demais moedas levou o núcleo de players especuladores, estrangeiros e nacionais, que apostavam na alta, a desmontarem suas posições compradas no mercado futuro de dólar.
Com a impulsão do desmonte abrupto destas posições, o preço da moeda americana frente ao real “derreteu” nesta semana, sinalizando perda de perspectiva de alta do preço do dólar, e, pelo contrário sugerindo que o preço ainda continue declinando, provavelmente até o piso de R$ 5,00, que ainda atenderá ao interesse do governo dentro da estratégia do “câmbio alto” para catalisar atratividade dos recursos externos para o Brasil, visto que a economia em si não motiva o fluxo de investimentos para o país, da mesma forma o mercado de renda fixa e Bovespa, que vai indo mas com considerável distanciamento com a realidade da economia do país.
O Instituto de Finanças Internacionais na semana passada apontou que o real está subavaliado e que o preço deveria estar 15% abaixo, algo como R$ 4,50, considerando déficit em transações correntes e reservas cambiais.
Naturalmente este patamar prejudicaria os intentos governamentais e, o Brasil tem alguns fatores adversos na trajetória de curto prazo, como a questão fiscal e o desconhecido legado da crise da pandemia do coronavírus que se sabe altamente negativo e até sujeito ao risco de uma segunda rodada, que deve acentuar o desemprego que já era expressivo no momento antecedente à crise, afetando mais a renda e o consumo.
Além disto, continua a desconfiança sobre como se dará a retomada da atividade econômica do Brasil, se em “V” ou em “V mais aberto” ou em “U” e este é um aspecto temporal relevante para as expectativas.
Deve ocorrer um ponto de sustentação do preço da moeda americana agora com o considerável expurgo de players especuladores do mercado futuro de dólar e opções em torno de R$ 5,00, visto que há “tempestades possíveis” na trajetória como o expressivo déficit fiscal e as dificuldades de acomodação da saída da crise.
A queda do dólar no mercado global é uma estratégia do governo TRUMP para reanimar a economia americana, aparentemente com a colaboração do FED, tornando o produto americano mais competitivo no mercado mundial e encarecendo as importações.
E esta recuperação faz parte da estratégia da campanha de Trump para buscar recuperar votos com o anseio de reeleição.
Enfim, o viés de queda do preço do dólar no mercado brasileiro tende a continuidade, mas as causas vêm do mercado internacional de moedas e não de eventuais repercussões da Reforma Tributária, e este movimento de desmontagem deve diminuir o volume de negócios no mercado futuro de dólar e poderá contribuir para a redução, não a eliminação, da volatilidade do preço da moeda nacional.