A surpresa negativa do crescimento Brasileiro no 3º trimestre implicará na redução das expectativas dos economistas para o PIB dos próximos trimestres. O fato da economia ter crescido -0.5%, ao invés de -0.3%, levará a afirmações que as políticas econômicas do governo Dilma foram mal sucedidas, e o aperto monetário que está sendo implementado pelo Banco Central poderá se encerrar em Janeiro de 2014.
Essa análise simplista, porém correta se analisada pontualmente, deverá ditar o mercado de Renda Fixa Local nos próximos meses. Obviamente, não é possível coexistir taxas reais de juros tão elevadas com baixo crescimento econômico e uma inflação “estável” ao redor de 6.0%.
Se lembrarmos o ano de 2010, o ano da “paradinha do COPOM”, o ajuste monetário foi pausado por motivo similar, e com a desaceleração temporária da economia americana e a extensão das medidas excepcionais de liquidez do FED, criou-se uma janela para a redução dos juros brasileiros para 7.25%.
Hoje percebemos que a redução dos juros não resultou em aceleração da atividade, nem era a coisa certa a ser feita, já que a inflação apenas ficou estável em 6.0% por conta das medidas populistas de contenção de reajustes dos preços administrados.
Sem ajuda da austeridade fiscal que o governo deveria implementar, os juros - que seriam os responsáveis por tornar a economia mais eficiente e equilibrada - poderão encerrar esse ciclo no patamar de 10,25%/10,50% sem nenhuma indicação do inicio de ajuste da economia.
Juros menores geram maior crescimento por tempo determinado. Uma política pública eficiente, sem um estado seletista, menor, e com foco no controle inflacionário são as verdadeiras diretrizes de uma economia dinâmica com crescimento potencial elevado. Não adianta correr atrás de elevado crescimento sem solidez, pois ocasionará em inflação de longo-prazo e consequentemente uma taxa de juros maior.
Parar de subir juros agora para buscar estabilidade ou aceleração da taxa de crescimento irá ocasionar em um aumento do prêmio de risco futuro, pois o ajuste necessário terá que ser feito em algum momento. Estamos apenas postergando o inevitável.
Enquanto isso, quem está aplicado em NTN-B de curto prazo ou LTN até Jan/16 poderá surfar uma ondinha de bons resultados. Mas cuidado, pode durar pouco, bem pouco.
Amanhã a Ata do COPOM e o crescimento da Produção Industrial do mês de outubro serão fundamentais para esclarecer o rumo das próximas decisões de politica monetária. Eu não teria posição relevante nesse momento. Ficaria atento para os sinais, pois o movimento será grande o suficiente para todos surfarem.