Muito é escrito sobre regulação de criptomoedas, por mim inclusive, com perspectivas sobre problemas futuros que podem vir a aparecer. Há, em geral, riscos a serem considerados, porém riscos de cauda e não necessariamente ocorrerão. Um tweet nessa semana merece um destaque por oferecer um reforço à perspectiva de que talvez não aconteçam. Foi retweetado por figuras influentes e discutido, de maneira geral, como crítico ao ecossistema de exchanges e projetos de baixa qualidade. Nele, Jeremy Rubin, importante participante do ecossistema, afirma que, até agora, as regulações estão demasiado leves e não há acusar de ataques ao ecossistema de criptomoedas.
De fato, há muitos projetos completamente surreais e exchanges com práticas desonestas operando sem necessariamente serem julgadas por governos. Quem acompanha mais de perto o mercado, sabe que há diversas exchanges com práticas suspeitas, denúncias e práticas de trancamento de recursos dos investidores. Isso ocorre também no Brasil, com a NegocieCoins tendo limitado saques após uma suspeita de fraude de 50 milhões de reais e há suspeitas mesmo quando se trata de anúncios aparentemente inocentes como manutenção em algumas exchanges internacionais.
As desconfianças se seguem de um problema real: houve episódios de falências de exchanges imersos em operações duvidosas, sendo o mais recente caso uma companhia de Taiwan. Quando uma exchange vai mal, há um alerta amarelo de que seus proprietários podem estar agindo para salvar recursos para si. E ainda não há grandes enforcements sobre isso, apesar de já haver posicionamentos de órgãos do governo americano na direção de maior enforcement e clareza em demandas regulatórias.
Contudo, não podemos falar que não há regulação. Há diversos ataques às privacy coins nos últimos anos. Começando com o Japão e, mais recentemente, acontecendo nos Emirados Árabes Unidos, as moedas privativas são fortemente incentivadas a não serem listadas em exchanges. Esse ataque é ainda uma ameaça às moedas privadas e, mesmo se tratando de previsões de médio prazo, recomendam menor alocação nelas, contrário ao dito no tweet que começa. A depender da questão, há, sim, regulações sendo duras em alguns países e que parecem que podem virar tendência.
Acredito que essas tendências são perigosas, mas ainda há espaço para mudar. Se uma criptomoeda se provar útil socialmente, não seria impossível implementar camadas de privacidade em cima dela. Recentemente há discussões acerca deste tema com Bitcoin e Ethereum, por exemplo. Quanto maior e mais útil para algum mercado ou governo, maiores as chances de uma moeda sobreviver se decidir adotar privacidade. Moedas explicitamente voltadas somente para esse ponto podem ter problemas e recomendo maior atenção a seus riscos, apesar de em alguns aspectos (como exchanges) haver lacunas dos governos.