A Ford (NYSE:F) (SA:FDMO34) finalmente está ganhando o apoio de Wall Street em seu plano de recuperação, após vários anos de tropeços e fracassos. A diferença, desta vez, é a clara mensagem da companhia sobre sua ambição no mercado de veículos elétricos (VEs), apresentada por seu novo CEO, Jim Farley.
Os executivos da Ford disseram aos investidores, na quarta-feira, que 40% das vendas globais da Ford até 2030 devem ser de automóveis totalmente elétricos. Essa mudança ajudará a aumentar a receita da companhia em dois terços, para US$45 bilhões, graças às maiores vendas de veículos e serviços para clientes comerciais.
Para atingir esse objetivo, a Ford aumentará os gastos com o desenvolvimento de VEs para US$ 30 bilhões até 2025, cerca de um terço a mais do que o previsto no início deste ano. O aumento de gastos pode acelerar a mudança da montadora de Detroit para a fabricação de suas próprias baterias, inclusive nas duas fábricas de células de bateria nos EUA, com a SK Innovation Co., da Coreia.
A estratégia reúne as três prioridades enfatizadas por Farley quando assumiu o cargo em outubro: veículos elétricos, serviços digitais e atendimento de clientes comerciais, como frotas terceirizadas, empresas de serviços públicos e empresas estatais.
Os investidores estão adorando a nova direção tomada pela Ford, fazendo suas ações se valorizarem 20% nos últimos cinco dias. Seus papéis, que fecharam o pregão de quinta-feira a US$ 14,88, já se valorizaram 70% este ano, período em que a Tesla (NASDAQ:TSLA) (SA:TSLA34) afundou 11%.
Um ano tumultuado
Essa força nas ações da Ford ocorre após um ano tumultuado pela pandemia de Covid-19, que forçou as fabricantes automotivas a interromper sua distribuição de dividendos. A empresa também perdeu sua classificação de crédito com grau de investimento e desligou o executivo Jim Hackett no mês passado. A escassez de semicondutores em toda a indústria ameaçou 50% da sua produção prevista para este trimestre.
Mas as ambições da Ford no mercado de VEs fizeram os investidores focarem no futuro. Esse plano inclui uma versão elétrica do Explorer, seu SUV mais vendido, além do Lincoln Aviator e um conjunto de outros veículos que não identificou pelo nome. A lista incluía a descrição de um "SUV resistente", o que sugere que o Bronco reformulado pode ter uma bateria no futuro.
“Essa é a nossa maior oportunidade de crescer e criar valor desde que Henry Ford iniciou a produção em larga escala do Model T, e vamos aproveitá-la ao máximo”, declarou Farley a analistas e investidores em sua apresentação durante o Dia do Investidor da companhia, na quarta-feira.
Joseph Spak, analista do RBC, atualizou a ação para outperform (acima da média), dizendo que o novo plano pode trazer novos investidores. O RBC elevou seu preço-alvo para a ação em US$4 para US$ 17.
De acordo com sua nota:
“O fato é que acreditamos mais nessa estratégia mais coesa, pois a Ford está focando em seus pontos fortes. A Ford ainda precisa colocá-la em prática, mas a oportunidade de upside está mais clara para nós”.
“Acreditamos que a Ford elaborou um plano convincente para elevar a rentabilidade além de 2025 através do Ford Pro e oportunidade de serviços conectados. Isso deve melhorar a perspectiva de resultados (mesmo considerando o risco da execução e provável impacto nas margens desses produtos elétricos)".
Além das atualizações de analistas, a Ford ganhou as manchetes na semana passada quando o presidente americano Joseph Biden, durante uma viagem a uma fábrica da companhia em Michigan, sentou-se ao volante da picape elétrica F150 Lightning. O preço de entrada da Lightning de cerca de US$ 40.000, abaixo do que era esperado, é bastante atraente, já que diversas picapes elétricas devem começar a entrar no mercado. O modelo já recebeu 70.000 reservas de clientes.
Conclusão
O novo CEO da Ford está levando a cabo um plano bem pensado para tornar a segunda maior montadora americana em um player mais relevante no futuro, quando os VEs dominarão as estradas. A Ford, apesar do atraso e diversos tropeços, é uma aposta de longo prazo no mercado de VEs, que deve ficar bastante concorrido nos próximos 10 anos. Dito isso, a ação está bastante barata e pode ser ideal para investidores de longo prazo que desejam ter nomes automotivos tradicionais em suas carteiras.