Recentemente, li um artigo chamado “Você não precisa de alfa”. O título logo me chamou a atenção, pois eu, como investidor profissional, faço questão de tentar gerar altos retornos ponderados pelo risco. Mas essa não é uma situação aplicada a todos os participantes do mercado de capitais. Muitos investidores podem – e devem – ter outros focos.
Vendo o texto que mencionei, logo percebi que ele não era direcionado para mim que, devido a minha profissão, posso estudar 24/7 sobre investimentos. Ele tem como objetivo atingir os investidores amadores, ou de varejo, que querem se expor a uma maior rentabilidade proveniente da renda variável, mas não exercem os investimentos como atividade principal ou não querem investir muito tempo nisso.
O texto fala, de maneira resumida, que ser um investidor de varejo e buscar ativamente por desempenhos superior às médias do mercado é um comportamento totalmente desnecessário. Isso porque, nessa jornada de reportar retornos acima da média, muitos investidores inexperientes pensam que conseguem jogar esse jogo de forma consistente, e acabam tomando decisões de investimentos arriscadas ou equivocadas, que prejudicam os seus retornos.
Aliás, é justamente essa busca pelo chamado alfa (o alfa de Jensen) que faz com que muito deles performem pior do que as médias do mercado. Como disse anteriormente, esse não é o jogo que o investidor amador deve jogar, pois ele não possui vantagem competitiva nesse quesito.
Gerar retornos acima da média do mercado de forma consistente é uma tarefa complicada, pois o investidor estará competindo contra outros investidores que buscam performar melhor do que o mercado.
Como os investidores passivos, que apenas seguem uma cesta de ativos, performam igual a média do mercado, o equilíbrio do universo exige com que o retorno dos investidores ativos também se direcione para as médias.
No entanto, como sabemos, há diversos investidores ativos qualificados que conseguem performar melhor do que o mercado. Para isso ser possível, para cada retorno adicional que um investidor ativo reporta, o outro investidor ativo deve, necessariamente, reportar um deficit da mesma magnitude.
O problema é que muito desses investidores ativos, por terem isso como profissão, possuem mais horas de estudo do que você e, provavelmente, melhores contatos. Isso faz com que, para o investidor comum, a melhor estratégia possível seja possuir uma grande quantidade das empresas de capital aberto do país, ou uma cesta de boas ações, com boa diversificação, por um custo muito baixo e segurá-las por muitos e muitos anos.
Ao fazer isso, o investidor garante capturar quase todo o retorno que o mercado acionário gerou, sem correr o risco específico, isto é, de setores ou empresas específicas ou de más decisões de administradores. Ou, simplesmente, as suas.
Eu sei que parece óbvio e é muito menos sexy. No entanto, o melhor conselho financeiro que posso lhe dar é: preocupe-se mais em economizar do que em alocar seu dinheiro a taxas maiores do que a média do mercado. Principalmente se você for jovem.
Sei que muitos investidores ativos amadores conseguem performar melhor do que o mercado no longo prazo, principalmente por conta da mentalidade de longo prazo. No entanto, olhando as médias, são poucos os que conseguem – até porque esse tipo de mentalidade e racionalidade é muito difícil de desenvolver.
Sendo assim, para o investidor que não possui muito tempo e deseja se expor à rentabilidade da renda variável, vejo três boas alternativas: i) Comprar fundos indexados que repliquem uma carteira de ativos por um baixo custo; ii) investir em fundos de investimentos ativos com gestores acima da média e; iii) Contar com a assessoria financeira de profissionais alinhados com os seus investimentos.