Fechamos a semana passada com o dólar à quase R$ 5,00. Precisamente a R$ 4,9958. Os motivos para isso foram externos e internos. Nos EUA agora há a perspectiva de taxa de juros elevada por mais tempo, reforçada por discurso na sexta do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. Saíram dados fortes de atividade, como emprego e indústria nos EUA nos últimos dias, e a inflação permanece em patamar ainda elevado. Além disso, há uma redução de temores de calote dos EUA diante de sinais de que está sendo encaminhada uma solução para o teto da dívida no país, o dólar perdeu força na comparação com moedas fortes, como euro e iene. Em relação a divisas emergentes e de países exportadores de commodities (nós), o dólar teve desempenho divergente.
Já internamente, houve no mercado um desconforto com o relatório do novo arcabouço fiscal do deputado Cláudio Cajado (PP-BA). Declarações do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em defesa de mudança no regime de metas de inflação também teriam contribuído para postura mais cautelosa dos investidores.
Seguimos analisando fatos, e nossa taxa de juros está em 13,75%, extremamente atrativa. Juros mais altos normalmente tendem a impulsionar a moeda local, uma vez que tornam os retornos do mercado de renda fixa do país mais atraentes para investidores estrangeiros. Da mesma forma, reduções nos juros podem levar a um redirecionamento de recursos para países mais rentáveis. Agora o que vai falar mais alto deve ser a questão do arcabouço.
Após a apresentação do relatório, a proposta tramita na Câmara em regime de urgência e tem votação em plenário prevista para quarta-feira. No total, 40 emendas foram apresentadas ao projeto, sendo a metade para endurecer o controle das contas públicas. Há propostas para reduzir a trajetória de gastos, limitar desembolsos adicionais em investimentos e retirar o piso para crescimento das despesas, entre outras. No sentido contrário, deputados de esquerda sugerem a preservação de áreas como educação, meio ambiente e social, além de dar maior flexibilidade aos gastos.
A regra geral da proposta estabelece que as despesas federais não poderão crescer mais do que 70% da alta das receitas, além de definir que os gastos crescerão anualmente entre 0,6% e 2,5% acima da inflação. O texto enviado ao Congresso pelo Ministério da Fazenda definia que em caso de descumprimento da meta fiscal, que terá uma margem de tolerância, o crescimento dos gastos passaria a ser limitado a 50% da alta da receita. O relator adicionou a essa “punição” uma série de gatilhos automáticos de ajuste fiscal, como impedimento para criar cargos, reajustar auxílios de servidores, aumentar despesas obrigatórias e conceder ou ampliar benefícios tributários. Vamos acompanhar…
Para hoje, no calendário econômico teremos no Brasil o tradicional Boletim Focus. Nos EUA, discursos de vários membros do Fomc.
Ótima semana, turma, muito lucro e que esse arcabouço saia com limites de gastos, senão…