Por Eduardo Cavalheiro, gestor da Rio Verde Investimentos
O tema central da última semana continuou sendo o Coronavírus e ao que tudo indica o cenário deve permanecer assim nos próximos dias. A evolução da pandemia na Europa praticamente obrigou o Brasil a adotar medidas de restrição mais rígidas. O governo também decretou estado de calamidade pública para fazer frente aos gastos sociais que a situação exige.
Tudo isso contribui para a melhoria das condições de enfrentamento ao vírus, mas destrói a situação fiscal dos governos (federal, estados e municípios), empresas em diferentes graus e famílias. Uma tragédia que ainda não dá para mensurar!
Os mercados globais começaram a refletir mais esta etapa da crise e o índice Ibovespa chegou a acumular queda de cerca de 60% (em dólar) até o dia 18 de março. Vamos guardar esta data e este percentual.
O componente emocional das decisões continua forte. Muitos movimentos obrigatórios de zeragem de prejuízos continuaram ocorrendo, o que gera uma distorção de preços das ações muito grande. No dia 19 de março iniciou-se uma tímida tentativa de recuperação dos preços dos ativos baseada na identificação de possíveis tratamentos médicos que ajudam a reduzir o prazo de vigência deste “shutdown”. É uma esperança que pode abreviar a crise no Brasil e no mundo, favorecendo a volta à normalidade da atividade econômica e do dia a dia das pessoas.
Contudo, uma vez que todos estes fatos se sucederam, agora é hora de focar na extensão da crise. Quanto menor for este prazo, menores serão os efeitos para a economia real e para as famílias.
Do ponto de vista do mercado acionário, não acredito que agora, neste nível de preços, seja uma boa hora para se defender. É preciso se posicionar e esperar pela recuperação que cedo ou tarde virá! As oportunidades são enormes! Existe um claro descasamento entre preço e valor em muitas empresas. Assim como na alta, na baixa também não podemos nos deixar levar pelo desempenho de curto prazo das companhias. O que deve ser avaliado neste momento é a capacidade do modelo de negócios de se manter no longo prazo, após o período de crise.
Além disso, também é importante verificar quais negócios estão menos expostos e com situações patrimoniais mais confortáveis capazes de suportar a crise em um período mais longo. É preciso ser conservador na escolha das ações e atrelar a seleção a um potencial de valorização expressivo quando a recuperação ocorrer.
Enquanto isso, vamos permanecer em nossas casas e nos prevenir. Ainda não sabemos quando, mas em algum momento esta crise vai acabar. É preciso ter paciência e calma!
Bons negócios!