Pode até parecer uma obviedade, mas salientada pelo FMI a percepção de grave e severa recessão da economia global neste ano sempre impacta e promove postura acentuadamente defensiva dos mercados globais.
E, a despeito das expectativas altamente negativas dos dados econômicos a serem divulgados hoje dos Estados Unidos, fortalece o dólar como reduto de proteção e, principalmente, fragiliza os mercados emergentes e suas moedas, por inevitável.
No Brasil o preço da moeda americana deverá ganhar um “input” forte e isto, cada vez mais, é preocupante visto que os níveis atuais já acarretam preocupações de impactos inflacionários, fortemente repercutidos nos IGP’s e ainda não sensibilizados no IPCA tendo em vista a inércia da atividade econômica que impede o repasse para os preços, mas esta questão pode se revelar menos pacífica no indicador em abril, visto que os preços no varejo, face à oportunismos e a questão do coronavírus, estão sendo aviltados e ainda não foram captados pelo índice.
Adicionalmente às questões externas, que impactam no Brasil, em razão da crise do coronavírus, há internamente impertinente ambiente político que desalinha e impede coesão de ações governamentais absolutamente necessárias neste momento, e destaque-se muito do conteúdo é gerado no ambiente intestino do próprio governo.
Temos mantido o foco no acúmulo de dispêndios e concessões por parte do governo, espontâneos ou impositivos, e que podem enveredar pelo descontrole e atingir montantes que coloquem em risco de capacidade de cumprimento como desejado ou imposto, e então, isto fortaleça a propensão do governo central em dispor de parte das reservas cambiais brasileiras, hipótese que não vem sendo destacada no momento.
O BC parece tímido para uma mudança tão radical de postura, visto que isto seria altamente impactante no mercado, que, contudo, por seus agentes, não deve ser desmerecida como hipótese factível em caso extremo, e que seria mais indicada do que a indicada pelo Secretário da Fazenda de SP, Meirelles, de emissão de moeda, que sabidamente teria impacto altamente inflacionário, além de ser prática arcaica.
É preciso ficar atento e não desconsiderar esta ação por parte da autoridade monetária, pois ainda que avise como costumeiramente o faz para ações mais incisivas, no caso de intensificação de oferta de dólares a vista e menor de linhas de liquidez aos bancos, haverá pouco espaço para fugas defensivas ante a tendência de apreciação do real.
O governo já demonstra preocupações em relação à Dívida Bruta que tende a atingir 80% do PIB, e como disse o Ministro Guedes, além de profetizar a venda de reservas a R$ 5,00, é incoerente um país ter R$ 4,0 Trilhões de Dívida Pública e US$ 2,0 Tri de reservas cambiais.
Acreditamos que tecnicamente para evitar irradiar efeitos mais negativos de impacto na economia o preço do dólar deveria estar abaixo de R$ 5,00, até porque o país na questão cambial estar bem defendido e não sofrer efeitos diretos da crise fiscal neste quesito, que pode até ser parte da solução.
O IGP-10 da FGV apontou alta de 1,13%, repercutindo efeitos do câmbio como fator principal.
O dólar estará com o preço sob forte pressão altista no nosso mercado, vamos esperar para ver como o BC atuará e se o fizer precisará ser de forma incisiva e contundente.