Nos últimos anos, as finanças sustentáveis vêm ganhando destaque no ambiente corporativo e a pandemia da Covid-19 impulsionou ainda mais o interesse das empresas sobre o assunto. Nesse contexto, o tema do ESG (Environmental, Social and Corporate Governance) surge como um potencializador dessa tendência.
As finanças sustentáveis englobam práticas financeiras e investimentos de impacto éticos, comunitários e verdes, resultando na incorporação de fatores ESG na organização. Para que sejam consideradas sustentáveis, o ideal é que sejam aplicadas em todas as etapas nos processos de investimento e financiamento.
Em um mundo cada vez mais consciente dos desafios ambientais e sociais, a adoção desses princípios representa uma resposta efetiva do setor corporativo a essas questões urgentes, ao alinhar as metas de negócio com a promoção do desenvolvimento sustentável.
Entenda a relevância dos temas
A importância do ESG entre as empresas brasileiras pode ser evidenciada com a existência do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3 (BVMF:B3SA3)), mantido pela bolsa de valores B3, proporcionando aos investidores acesso a uma carteira teórica de ativos selecionados com base em critérios sustentáveis.
Segundo relatório do projeto FiBraS (Finanças Brasileiras Sustentáveis), além do ESG, existem diversos fatores que impulsionam o crescimento do mercado de finanças sustentáveis no cenário mundial, incluindo:
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Desenvolvimento e disponibilização de produtos financeiros sustentáveis;
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Padronização do mercado através de publicações frequentes de princípios a serem seguidos para cada instrumento financeiro;
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Desenvolvimento de regulamentações favoráveis em diferentes regiões do mundo;
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Pressão dos principais stakeholders e o aumento dos compromissos corporativos de alcançar a neutralidade de carbono;
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Alta demanda dos investidores institucionais de longo prazo por títulos sustentáveis, superando a oferta disponível;
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Benefícios das emissões sustentáveis para as empresas, como redução do custo de capital, diversificação da base de investidores e vantagens reputacionais.
Portanto, as “finanças sustentáveis” surgem como uma forma de promover a sustentabilidade, mesmo quando as atividades exercidas pelo setor financeiro não impactam diretamente na conservação do meio ambiente. Elas agregam, por exemplo, nos processos de tomada de decisão ou em normas e procedimentos que governam as interações entre os diferentes participantes do mercado financeiro.
A abordagem contribui para o desenvolvimento de uma economia sustentável ao englobar o tema em todas as esferas financeiras, desde a gestão de riscos até a alocação de capital, estabelecendo as empresas como participantes ativas e responsáveis pelo progresso socioambiental global.
Benefícios e valores gerados
Do ponto de vista do próprio negócio, existem inúmeros benefícios na adoção ou incentivo de práticas responsáveis, como o crescimento da receita, a redução de custos e a otimização de ativos e investimentos.
A pesquisa anual do CFI (Corporate Finance Institute), aponta que ações relacionadas ao ESG impactam diretamente no engajamento de funcionários e na percepção dos clientes. Elas estimulam o comprometimento e a retenção, resultando em maior produtividade e desempenho dos colaboradores, além de sinalizarem que a empresa se preocupa com as necessidades e experiências dos seus clientes.
De acordo com a pesquisa, o engajamento dos funcionários tem um impacto direto na lucratividade da organização, promovendo um crescimento de 21%, enquanto o desengajamento pode custar US$ 450-550 bilhões no ano.
Em outra pesquisa realizada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), os principais benefícios já alcançados pelas organizações após o compromisso estratégico com os critérios ESG são: mitigação de riscos; valorização da marca; melhoria da imagem; uso sustentável dos recursos naturais e o aumento de competitividade.
Isso implica que, tanto na perspectiva corporativa quanto na ambiental, os setores podem se beneficiar com a adoção de práticas sustentáveis.
Vantagens para o negócio
As finanças sustentáveis permitem às empresas aumentarem sua capacidade de atrair investidores ao atuarem como agentes catalisadores do desenvolvimento sustentável, estimulando e gerando valor para os acionistas.
Além do mais, essa abordagem pode aumentar a visibilidade da empresa no mercado e promover uma economia mais sustentável, representando uma tendência para o futuro, na qual as empresas precisarão investir, inclusive, para a continuidade dos seus próprios negócios.
Para empresas que não atuam diretamente com ações sustentáveis, como atividade extrativista ou manufatureira, a importância dessa abordagem se manifesta ao agirem como catalisadoras de outras empresas que são capazes de agir diretamente nessa área, contribuindo para o seu desenvolvimento.
Em resumo, investir em finanças sustentáveis pode trazer uma série de benefícios para as empresas, desde a captação de recursos para projetos sustentáveis até a melhoria da eficiência operacional e a construção de uma reputação positiva.
No entanto, para que isso seja possível, é necessária uma mudança profunda e real de mentalidade, além da adoção destas práticas no contexto da cultura organizacional. O desafio é imenso e a implementação deve ser considerada um investimento de longo prazo. Entretanto, agora é a hora de aproveitar as oportunidades e impulsionar o negócio para um futuro mais sustentável.