No Brasil e no mundo, as notícias econômicas continuam sendo dominadas pelo debate entre o aumento da política contracionista promovida pelos Bancos Centrais das principais economias para combater o avanço da inflação e qual será o impacto que tal estratégia vai trazer para o crescimento da economia mundial. Nos EUA, os dados de emprego e de inflação continuam surpreendendo para cima, o que fez com que o FED – banco central americano – aumentasse o passo na alta da taxa básica de juros em sua última reunião que aconteceu em junho, subindo a taxa em 0,75% ao ano.
Essa intervenção mais drástica fez com que os investidores ficassem mais pessimistas em relação ao desempenho da principal economia mundial, com analistas sinalizando a grande possibilidade de recessão a frente, caso o FED decida por manter essa política contracionista por mais tempo. Esse movimento corroborou para o movimento de queda das ações americanas, com os principais índices acionários apresentando a maior desvalorização para um primeiro semestre nos últimos 40 anos.
Os investidores no Brasil acompanharam o pessimismo global para ativos de renda variável, com o Ibovespa apresentando queda de dois dígitos no último mês, embora por aqui o momento do ciclo econômico pareça estar em um estágio diferente. O Copom, Comitê de Política Monetária do Banco Central, se reuniu em junho e decidiu pela manutenção do ciclo de alta da taxa Selic, com um novo aumento de 0,50%, porém o comunicado após a reunião sinalizou que podemos estar no fim do ciclo dessa política contracionista, podendo ainda haver apenas mais uma nova alta da Selic na próxima reunião. Outro ponto importante de inflexão foi a surpresa positiva em relação a divulgação do IPCA de maio, que depois de vários meses apresentou um número menor do que o esperado pelo mercado.
O IFIX interrompeu a sequência de três meses consecutivos de alta e apresentou queda de 0,88% em junho, marcando assim uma desvalorização de 0,33% no primeiro semestre de 2022. Quedas tímidas, se considerarmos que o Ibovespa desvalorizou 11,50% em junho e fechou o primeiro semestre com retorno negativo de 5,99%. Além disso, nos últimos 12 meses a carteira teórica dos principais Fundos Imobiliários, representada pelo IFIX, apresentou valorização de 1,48%, enquanto as ações, representadas pelo Ibovespa, apresentam queda de 22,29%. Uma diferença bastante considerável.
Outro desempenho que chamou bastante atenção foi a recuperação do dólar no mês frente à moeda brasileira, que se valorizou em 10,77%.
Essas poderiam ser notícias muito positivas para os investidores de Fundos Imobiliários, já que inflação e juros são determinantes na precificação dos ativos, porém o mercado preferiu “ver o copo meio vazio”, se alimentando do pessimismo com a economia internacional e com os ruídos, que são cada vez mais fortes, da corrida eleitoral. As sinalizações de maiores gastos do atual governo e promessas populistas dos principais candidatos são apontadas como risco fiscal, embora o resultado das contas públicas esteja muito melhor do que fora apontado por analistas econômicos tempos atrás.
Cabe ao investidor nesse momento se ater aos fundamentos de seus ativos e focar no que realmente importa, deixando de lado o que for ruído, para aproveitar as oportunidades que serão reconhecidas como óbvias apenas quando o mercado passar a “ver o copo meio cheio”.