Dezembro foi um mês de forte recuperação para o IFIX, que apresentou valorização de +8,78% no período, maior alta mensal desde dezembro de 2019. Porém, essa escalada expressiva não foi suficiente para fazer com que o principal índice da B3 (SA:B3SA3) para os fundos imobiliários terminasse o ano de 2021 no terreno positivo, fechando assim o 2º ano consecutivo com desvalorização. Os grandes ganhadores do ano foram o IPCA, índice oficial de inflação do Governo Federal, e o Dólar. Do lado negativo, os piores resultados foram apresentados pelo Ibovespa e IMA-B 5+, ambos muito impactados pela alta da inflação além das expectativas do começo de 2021, que culminou na abertura das taxas dos juros futuros e nos sucessivos aumentos da SELIC realizados pelo Banco Central como resposta a alta da inflação.
O ano de 2021 de forma geral não foi fácil para investidores, gestores, economistas, analistas e quem mais estivesse envolvido com as oscilações de humores do mercado. Forte exemplo disso foi que as expectativas dos analistas para os principais indicadores da economia brasileira, capturadas pelo Banco Central e divulgadas pelo Boletim Focus na primeira segunda-feira de 2021, ficaram muito longe do que realmente foi a realidade, como podemos ver na tabela abaixo.
Já para 2022, os analistas consultados pelo Banco Central deixaram de lado o otimismo do início de 2021 em relação as baixas taxas de Inflação e SELIC e preveem que o IPCA deve fechar 2022 em 5,00%, e que a SELIC termina em 11,50% a.a., o que levaria novamente o Brasil a figurar entre as economias com as maiores taxas de juros reais do mundo. Além disso, a previsão para o crescimento do PIB não é nada animadora, ficando bem próxima a 0,00%. Soma-se a isso a imprevisibilidade de um ano com eleições gerais, temos o tempero necessário para que as previsões de corretoras e casas de research não sejam nada animadoras para os ativos listados na bolsa brasileira.
Eleições 2022: O que o investidor precisa saber para não ser surpreendido?
Assim como em 2021, os analistas podem estar errados novamente e os indicadores e ativos podem terminar 2022 melhor do que o esperado (ou pior). Porém, entendo que o investidor que busca retornos consistentes de longo prazo deveria estar mais preocupado com os grandes ciclos e com a qualidade intrínseca dos seus ativos investidos.
Para os fundos imobiliários de tijolo, claramente estamos em um momento negativo, muito impactado pela alta dos juros, porém os preços dos imóveis tendem a se valorizar com a inflação e em algum momento isso deve impactar positivamente as cotações no mercado secundário. Além disso, uma carteira bem gerida, com bons ativos e geradora de renda, que é corrigida pela inflação no caso de imóveis, deverá seguir apresentando performance superior aos índices e, como sempre gosto de reforçar, o investidor que buscar se amparar nos fundamentos conseguirá achar oportunidades de comprar bons ativos mais baratos do que realmente valem, potencializando assim as chances de ser bem-sucedido no longo prazo.