O Fiagro tem ido tão bem que já estimula a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a regulamentar novas formas para ampliar seu uso no mercado. Segundo representantes da Anbima, entidade que representa corretoras, distribuidoras, gestoras, bancos e administradoras afirmam que, de fato, o Fiagro já caiu no gosto do investidor. Tanto que a modalidade “foi a única que entregou resultados positivos no primeiro semestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2022”.
Os números mostram que o produto, apesar de novo em relação aos demais, foi o único a crescer em um semestre difícil, como foi o primeiro de 2023. Dados da Anbima mostram que enquanto o volume geral de ofertas caiu 35,4%, o do Fiagro subiu 50,4% na mesma base de comparação. Com base no desempenho, a conclusão é de que há espaço para a modalidade crescer ainda mais e fomentar, por meio do mercado de capitais, a agroindústria.
É por esta razão que a CVM deseja criar outros tipos de Fiagros. O órgão regulador enxerga oportunidades para ampliar o uso dos Fundos de Investimento em Cadeias Agroindustriais por meio de Fundos Patrimoniais. Para quem não conhece, os fundos patrimoniais também são chamados de endowement ou fundos filantrópicos.
Essa modalidade é formada por recursos doados por pessoas físicas ou jurídicas e que são investidos no mercado financeiro por um gestor profissional. Sua estrutura proporciona sustentabilidade financeira a instituições públicas ou privadas. Os rendimentos são direcionados para a execução de programas e projetos de interesse público, visando o bem comum ou relacionados a causas filantrópicas.
Ainda em fase de estudos, trata-se de uma ótima ideia porque além de gerar mais oportunidades para investidores e para a agroindústria, o modelo contribuirá para a profissionalização de mais e mais empresas do setor, no que diz respeito à gestão. Como disse Bruno Gomes, superintendente de Securitização, Investimentos Estruturados e Agronegócio da CVM:
“Vale (BVMF:VALE3) trazer o Fiagro patrimonial para que o produtor consiga investir não como pessoa física, mas com uma equipe de gestão profissional trabalhando junto a ele. Isso traz transparência e o ajuda a administrar seu negócio por meio do Fiagro”.
Sem dúvida uma ótima notícia, seguida de outra igualmente importante. O representante da CVM reafirmou o compromisso do órgão em entregar, em breve, uma regulamentação definitiva para os Fiagros que, desde julho de 2021, funcionam com regras provisórias seguindo os moldes dos fundos imobiliários, dos FIPs (Fundo de Investimento em participação) e dos FIDCs (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios).
Se como está o Fiagro já simplificou o investimento e financiamento do agro, imagine com uma regulamentação ajustada para atender necessidades que ainda não são devidamente contempladas. A demanda por financiamento ainda é maior que a oferta e a situação chega a ser injusta. O agro representa 30% do PIB, mas só representa 3% do mercado de capitais. Assim, novas modalidades de Fiagros são bem-vindas.