Com a guerra na Ucrânia e a importância da região para o fornecimento de fertilizantes, esses se tornaram foco das atenções do agronegócio na primeira metade do ano. Os preços já vinham em alta, mas foi adicionada a preocupação com a disponibilidade.
Atualmente, com a semeadura da safra de verão em 57,5% para a soja e 43% para o milho, considerando informações da Conab em 5/11, a apreensão com a oferta para este ciclo ficou para trás.
Os preços também têm cedido após os picos atingidos ao longo do ano. Os produtos nitrogenados seguem mais sustentados, em decorrência dos preços da matéria-prima (gás natural) em alta, o que também tem relação com o conflito no leste europeu.
O nitrogênio, que participa de maneira coadjuvante para a soja (via MAP), é fundamental para o milho e a safrinha que virá na sequência.
Pelos bons volumes de fertilizantes importados este ano, a questão não é mais de disponibilidade, mas o preço do insumo continua pesando.
Até houve melhoria no poder de compra do agricultor nos últimos meses, mas historicamente as relações de troca não são das melhores.
A seguir apresentamos um resumo dos dados de importações de fertilizantes em 2022, com dados da Secex.
Figura 1. Fertilizantes importados, em milhões de toneladas.
Fonte: Secex / Elaboração: HN AGRO
No acumulado de janeiro a setembro de 2022, o total importado (30,4 milhões de toneladas) superava em 4,5% o recorde do mesmo período de 2021, de 29,1 milhões de toneladas.
Em outubro houve redução de 14,6% das compras, frente a setembro, e diminuição de 39,7% na comparação com o mesmo mês de 2021. Com isso, o volume acumulado em 2022 está em 33,3 milhões de toneladas, 1,6% menor que no mesmo intervalo do ano passado.
Cabe destacar que as importações em 2021 foram recordes, tanto para o período até outubro (33,8 mi de t), como no ano (41,6 mi). Ou seja, o volume de 2022 só perde para o recorde do ano anterior.
Em gastos, as compras brasileiras até outubro somaram US$22,3 bilhões, um salto de 96,8%, frente ao mesmo intervalo de 2021. Com o volume semelhante, o culpado foi o preço do produto importado, que subiu 100,1%, no acumulado de 2022.
Dentre os fornecedores em 2022, Rússia se destaca, com 7,0 milhões de toneladas, o que equivale a 21,0% do total adquirido pelo Brasil este ano. Apesar de ser a principal origem, houve redução de 8,9% na comparação com a quantidade de 2021.
Na sequência aparecem China e Canadá. Este último fundamental no fornecimento de cloreto de potássio, juntamente com a Rússia e Belarus, que ocupa a décima primeira colocação.
Aqui cabe o destaque que os dados apresentados não se limitam ao potássio (KCl), por isso a menor relevância de Belarus, que tem papel crucial quando afunilamos a análise para o nutriente potássio.
Tabela 1. Evolução dos fornecedores de fertilizantes, primeiros dez meses de cada ano, em toneladas.
Obs: Evolução dos dez principais fornecedores em 2022 (jan-out).
Fonte: Secex / Elaboração: HN AGRO
As atenções se voltam à evolução dos preços, tanto dos fertilizantes, como dos grãos, e a relação de troca. Apesar das exigências agronômicas de cada cultura, em anos de relações de troca mais folgadas o uso de fertilizantes acaba sendo mais generoso.
Como tanto para os fertilizantes, como para os grãos, o câmbio é fundamental, as notícias relacionadas aos ministros do novo governo têm potencial para impactar o câmbio e as cotações.