O mercado financeiro deu um jeitinho e vai funcionar normalmente hoje e amanhã, apesar de a Prefeitura de São Paulo ter antecipado o feriado de Corpus Christi, que neste ano ocorre em junho, e o Dia da Consciência Negra, celebrado apenas em novembro. Mas a liquidez deve ser menor, principalmente à tarde, já que os bancos fecham às 14h.
Ainda mais diante de uma agenda econômica fraca e da ausência de novidades, o que deixa os mercados no exterior sem um rumo definido. Aqui, a tensão política segue. Mas os investidores não estão atentos às mais de mil mortes por Covid-19 registradas ontem nem à insistência do presidente Jair Bolsonaro ao uso da cloroquina - para quem for de direita. "Quem for de esquerda, toma tubaína", disse ele ontem, durante uma live.
É grande a possibilidade de o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello retirar hoje o sigilo total do vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, citada pelo ex-ministro Sergio Moro como prova das acusações de interferência na Polícia Federal. Relatos na imprensa dão conta de que o decano teria ficado incrédulo com o conteúdo.
Em outra frente, Paulo Marinho deve falar hoje à PF, no Rio de Janeiro. Na semana passada, ele afirmou, em entrevista, que Flávio Bolsonaro teria sido avisado por um delegado da PF sobre a operação que investigava a prática de “rachadinha”. O empresário, suplente de Flávio no Senado, alega ter “elementos que comprovam” seu relato.
No mercado
A ver se esse noticiário doméstico irá afetar os ativos locais, um dia após o Ibovespa sucumbir à realização de lucros vista em Wall Street, mas segurar-se na faixa dos 80 mil pontos. O dólar, por sua vez, encerrou em alta, cotado acima de R$ 5,75, sendo que o Banco Central precisou atuar via leilão no mercado futuro (swap cambial).
Lá fora, a decepção em relação a uma potencial vacina contra o coronavírus em breve e as sucessivas ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de modo a desviar a atenção das dificuldades da Casa Branca para conter a disseminação do vírus no país, deixam os ativos de risco sem uma direção definida para o dia.
A começar pela Ásia, onde a sessão foi mista, digerindo a decisão do Banco Central chinês (PBoC), de manter a taxa referencial de juros para empréstimos. No Ocidente, enquanto as principais bolsas europeias abriram no vermelho, os índices futuros das Bolsas de Nova York amanheceram em alta. Nos demais mercados, o petróleo cai e o dólar se fortalece.
Percebe-se, então, que o clima mais pesado nos mercados, que marcou a reta final do pregão ontem, ainda não se dissipou. Os investidores ainda digerem a declaração do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, de que a economia dos EUA só irá voltar à normalidade com a descoberta de uma vacina. Por sua vez, o otimismo sobre uma vacina foi abalado, após dúvidas em relação ao resultado de testes “promissores”.
Ata do Fed em destaque
A agenda econômica do dia traz como destaque a ata da última reunião de política monetária do Fed (15h), em abril, quando a taxa de juros seguiu próxima a zero. O documento será lido com lupa, em buscas de pistas sobre o impacto econômico causado pela pandemia de coronavírus.
Entre os indicadores, serão conhecidos uma nova prévia deste mês do IGP-M (8h), os dados semanais sobre o fluxo cambial no Brasil (14h30) e os estoques de petróleo bruto e derivados nos EUA (11h30), além da leitura final de abril do índice de preços ao consumidor (CPI) na zona do euro, logo cedo.