A principal divulgação da semana ficou reservada para esta sexta-feira (26), tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Porém, antes de receberem os dados de inflação previstos para o dia, os investidores que voltam do feriado na cidade de São Paulo precisam se atualizar.
Na véspera, saíram os números do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA, que mostraram uma desaceleração bem menor que a esperada da economia norte-americana. O crescimento ao ano de 4,9% do terceiro trimestre foi reduzido a 3,3%, porém acima da previsão de 2%. Ou seja, não há riscos de recessão nem a necessidade de estímulos.
Caso os números do índice de preços de gastos com consumo nos EUA (PCE), que saem às 10h30, reverterem a queda em novembro e subirem em dezembro, com uma alta anualizada de 2,6%, o Federal Reserve deve perguntar aos mercados: cortar os juros para quê? Afinal, foi a desinflação que pisou no freio - e não a atividade econômica.
Já o mercado de trabalho ainda emite sinais de pressão sobre os salários. Portanto, é mais provável os indicadores dos EUA abalarem a convicção dos mercados do que mudar a postura conservadora (“hawkish”) do Fed. Tanto que a chance de início do ciclo de corte do juro nos EUA em março agora está empatada com maio, segundo o CME.
Mercados locais à mercê
Esse “atraso” consolidou as apostas de três quedas seguidas de 0,50 ponto porcentual na taxa Selic, indo além das duas já contratadas pelo Comitê de Política Monetária (Copom) para janeiro e março desde o fim do ano passado. É por isso que a prévia do índice de preços ao consumidor brasileiro (IPCA-15) de janeiro deve ter pouco impacto nos negócios hoje.
Isso porque os ativos de risco estão à mercê da decisão do Fed. Aliás, a primeira “Super Quarta” deste ano acontece já na semana que vem e a proximidade do evento tende a moderar o apetite dos investidores. Aliás, os estrangeiros já sacaram quase R$ 5 bilhões em ações brasileiras (mercado secundário) neste início de ano.
Não fica difícil entender, então, o motivo de o Ibovespa acumular queda de 4,5% em 2024, até aqui. Já o dólar se segura e segue cotado abaixo de R$ 5,00, com a curva de juros futuros evitando precificar uma queda do juro básico para abaixo dos dois dígitos em meio à cautela do Fed.