Abril termina hoje, véspera de feriado em várias partes do mundo, o que deve trazer uma dose de cautela aos ajustes de fim de mês durante a sessão. Mas os investidores conseguiram “embelezar” suas carteiras, após as fortes perdas dos ativos de risco registradas em março, e já projetam o que vem por aí em maio.
O período seguinte é marcado pelo início das férias de verão (no Hemisfério Norte) e deve trazer os dados sombrios sobre o impacto econômico da pandemia de coronavírus no Ocidente. O próximo mês também é conhecido por um velho jargão em Wall Street, que diz para “vender em maio e ir embora” (sell in May and go away), dando início a uma correção.
Aliás, as bolsas de Nova York devem operar praticamente sozinhas na sexta-feira, já que os mercados no Brasil, e em parte da Europa e também da Ásia não abrem amanhã. Algumas praças, inclusive, permanecem fechadas na próxima segunda-feira. Com isso, a liquidez dos negócios tende a ser mais enxuta a partir de hoje.
Ainda assim, a Bolsa brasileira deve registrar em abril o primeiro mês de resultado positivo no ano, com ganhos de mais de 10%, mas que não anulam as perdas ao redor de 30% acumuladas em 2020. Já o dólar tende a cravar a quarta valorização mensal consecutiva, permanecendo acima de R$ 5,00, em meio ao vaivém na sessão hoje por causa da Ptax,
Enquanto isso, os juros futuros calibram as apostas de corte na Selic na semana que vem. Tudo isso, em meio à percepção de alívio interno na política, após a turbulência provocada pela saída de Sergio Moro do governo Bolsonaro. Apesar de o tempo permanecer fechado em Brasília, os ventos favoráveis aos ativos domésticos têm vindo de fora.
Otimismo cauteloso
No exterior, o sinal positivo perde força. Ainda assim, os índices futuros das bolsas de Nova York exibem ganhos moderados, embalados pelos balanços financeiros divulgados nesta semana e à espera da divulgação de mais resultado corporativos. Também é grande a expectativa pelos números semanais sobre o auxílio-desemprego.
Na Europa, as principais bolsas europeias não tem uma direção única, enquanto aguardam os eventos de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), pela manhã. O Velho Continente tenta manter o otimismo em relação à reabertura da economia na região, ao mesmo tempo em que alimenta esperança quanto à busca por tratamento da Covid-19.
Na Ásia, notícias de avanço no uso do remédio remdesivir, desenvolvido pela Gilead, para combater a doença e na busca por uma vacina até o fim do ano animaram os negócios. Tóquio subiu mais de 2%, acompanhando os ganhos firmes da véspera em Wall Street, enquanto Xangai (+1,3%) e Hong Kong (+0,3%) tiveram alta mais moderada.
O sentimento dos investidores também foi impulsionado por dados sobre a atividade na China. Apesar da queda do índice dos gerentes de compras (PMI) oficial da indústria, a 50,8 em abril, de 52 em março, por causa da demanda externa, o resultado parece mostrar uma recuperação gradual dos danos econômicos causados pelo surto do vírus no país.
Agenda segue carregada
O último dia do mês reserva uma agenda econômica carregada, no Brasil e no exterior. Aqui, as atenções se voltam para os dados que o IBGE divulga, às 9h, sobre a inflação ao produtor (IPP) e sobre o mercado de trabalho (Pnad), ambos atualizados até março. A expectativa é de que a taxa de desocupação avance a 12,4%, ante 11,0% no trimestre anterior, entre outubro e dezembro do ano passado.
Lá fora, logo cedo, saem dados da zona do euro sobre a inflação ao consumidor (CPI) em abril, a taxa de desemprego em março, além da leitura preliminar do Produto Interno Bruto (PIB) nos três primeiros meses deste ano. Ainda pela manhã, merece atenção a decisão de juros do Banco Central Europeu (BCE), às 8h45, seguida de entrevista coletiva da presidente da autoridade monetária, Christine Lagarde (9h30).
Já nos EUA, serão conhecidos os números sobre a renda pessoal e os gastos com consumo no mês passado, além dos pedidos semanais de auxílio-desemprego - todos às 9h30. Na safra de balanços, Apple (NASDAQ:AAPL), Visa e McDonald’s divulgam seus demonstrativos contábeis. Amanhã, a agenda econômica norte-americana traz a leitura final deste mês dos índices PMI e ISM sobre a atividade na indústria, além de dados do setor imobiliário.