Nada indica que o sinal do dólar seja para baixo, embora vi análise de câmbio falando isso. No curto prazo, está não é minha visão. Para isso a inflação americana tem que estar controlada e as eleições aqui definidas a gosto do mercado.
Ontem, o dólar à vista fechou cotado a R$ 5,2723 para venda. Mas no decorrer do dia a moeda teve uma mega instabilidade. No período da manhã, chegou a operar cotada a R$ 5,3820 e no da tarde a R$ 5,2298. Uma janela muito grande para um mesmo pregão.
No período de maior alta, foi visto o reflexo claro de dados de inflação dos Estados Unidos. O índice de preços ao consumidor norte-americano subiu 0,4% no mês passado, acelerando a alta depois de avançar 0,1% em agosto. A surpresa para cima reforçou as expectativas de que o Federal Reserve adotará uma quarta alta consecutiva de 0,75 ponto percentual nos juros em sua reunião do próximo mês. Tem gente até falando em 1% (mas sempre tem os apavorados). Quanto mais agressivo é o Fed no aumento dos juros, mais o dólar tende a se beneficiar globalmente, conforme investidores redirecionam capital para o mercado de renda fixa dos EUA.
Para justificar a volta da taxa do dólar à tarde para casa de 5,25, para mais ou para menos, temos que em relação a outras economias a gente não está tão mal, pelo contrário. O Brasil está revisando o PIB para cima, o juro é muito atrativo em 13,75% e somos exportadores de commodities, mas o que manda mesmo é o fluxo e o apetite do investidor por ativos de risco ou não e realizar posições ou não. E ontem, não foi diferente, o que houve foi desmonte de posições de hedge. Contra isso, não há argumentos. Afinal, a inflação americana está sim muito persistente e os juros por lá vão aumentar, só resta saber por quanto tempo e a quanto.
Seguimos na saga das eleições e, portanto, até o final de outubro, volatilidade, também continua a guerra na Ucrânia, e a inflação na Europa também está persistente, além da crise de abastecimento de gás. Ou seja, nada indica que o câmbio vá cair ainda em outubro, mas é claro que haverá janelas de queda com realizações de posições e divulgação de dados que possam parecer positivos ao mercado.
O Dollar Index, que coloca o dólar em relação ao euro, iene, libra, dólar canadense, coroa sueca e franco suíço, caiu pela primeira vez em sete dias, ontem, depois de atingir uma alta de duas semanas de 113,835. Gráficos técnicos, no entanto, sugerem que o índice ainda pode atingir 120 nas próximas semanas, colocando uma pressão renovada sobre o petróleo bruto e outras commodities denominadas em dólar.
Fecharemos esta semana com divulgação de IBC-Br no Brasil e crescimento do setor de serviços de agosto. Já nos EUA, conhecermos as vendas do varejo de setembro e a confiança do consumidor (Michigan) de outubro.
Bom final de semana a todos e que realizem lucros nestas janelas de oportunidade!