É a resposta que qualquer investidor do petróleo está buscando, ainda que com pouco grau de precisão.
Faltando apenas dois dias para a importantíssima reunião ministerial da Opep+, poucas coisas são mais cruciais do que descobrir em que patamar o petróleo será negociado, antes que a aliança global de produtores tome sua decisão de política para o mês de dezembro.
O que não faltam são ideias e teorias sobre como se comportarão os preços do petróleo nas próximas 48 horas.
O que mostram os fundamentos?
Há apenas um mês, eram poucas as divergências quanto à trajetória do barril de petróleo americano West Texas Intermediate e do britânico Brent. Diante do controle praticamente incontestável da Opep sobre a narrativa da oferta, os preços só apontavam numa direção: para cima.
Foi então que saíram notícias inéditas sobre a liberação coordenada de reservas petrolíferas por parte dos Estados Unidos e outros grandes países consumidores do produto, na tentativa de conter seus preços, que estavam perto das máximas de sete anos. A isso se seguiu um alerta da Agência Internacional de Energia de que o petróleo poderia ter excesso de oferta no primeiro trimestre de 2022.
As vendas de petróleo da semana passada, provocadas pelo pânico com os potenciais perigos da variante ômicron da Covid-19, criaram a tempestade perfeita para quem estava comprado no mercado.
Embora os preços do petróleo tenham inicialmente subido 5% na segunda-feira, só conseguiram recuperar, ao final do pregão, 3% do colapso de 12% registrado pelo mercado, no que foi o pior declínio para o WTI desde abril de 2020.
No momento em que escrevo este artigo, cerca de meia-noite em Nova York e horário de almoço nos mercados asiáticos, o WTI subia mais 1%, cotado a US$70,63 por barril. Mas, ainda assim, estava quase US$15, ou 18%, abaixo das máximas de sete anos de mais de US$85 por barril, tocadas em meados de outubro. (Nota do editor: no momento da publicação, o petróleo já havia revertido para baixo, perdendo novamente o patamar de US$70 por barril).
Muitos apostam que a Opep+ irá aprumar o barco novamente, quando se reunir na quinta-feira, primeiro suspendendo o aumento de 400.000 barris por dia prometido nos últimos meses.
“Acreditamos que o grupo tende a interromper as elevações de oferta, em vista da variante ômicron e da liberação dos estoques petrolíferos por grandes países consumidores”, disse em nota o analista de commodities do Commonwealth Bank, Vivek Dhar.
O ministro de energia da Arábia Saudita, Abdulaziz bin Salman, e da Rússia, Alexander Novak, afirmaram que não estavam indevidamente preocupados com o impacto da ômicron no petróleo, apesar de terem postergado uma reunião técnica da aliança para saber um pouco mais sobre essa cepa.
Alguns chegaram a dizer que Abdulaziz, em seu usual estilo combativo, poderia até mesmo ameaçar restringir o mercado para fazê-lo voltar a US$80 por barril.
“Após as liberações de reservas estratégias mundiais e o anúncio de dezenas de países restringindo viagens com origem ou destino na África do Sul e países vizinhos, a Opep e seus aliados podem facilmente justificar uma suspensão da produção ou inclusive um leve corte na produção”, disse em nota o analista da OANDA, Edward Moya.
Outros acreditam que a liquidação do petróleo ainda possa piorar antes de começar a melhorar.
“Mais duas semanas de volatilidade pela frente”, ressaltou Samir Madani, do portal tankertrackers.com, em um tuíte.
O que dizem os aspectos técnicos?
Slobodan Drvenica, da Windsor Brokers, disse que a queda do WTI até a mínima de US$67,38 na sexta-feira causou um recuo para a retração de 76,4% da pernada de alta de 61,81/85,39, gerando um sinal de baixa no fechamento semanal abaixo de 70 na média móvel de 200 dias.
“A recuperação ainda estava abaixo da base diária de 73,59, o que mantém o viés baixista e o risco de testes abaixo de US$70”, escreveu Drvenica em uma postagem na terça-feira no portal fxstreet.com.
Somente um repique para a zona de 74,00/75,00, rompendo a média móvel de 100 dias e a mínima prévia de 22 de novembro, diminuiria a atual pressão baixista e permitiria uma forte correção para cima, complementou Drvenica.
Todos os gráficos técnicos são uma cortesia de skcharting.com
Sunil Kumar Dixit, do skcharting.com, disse que o gráfico semanal mostrava um rompimento para mais da metade da Banda de Bollinger a 74,80, responsável por fazer o petróleo americano encontrar suporte na média móvel exponencial de 50 semanas a 67,25.
Segundo Dixit, a leitura de 16/21 do estocástico no WTI estava se aproximando do território sobrevendido, indicando uma lateralização dentro da faixa da média exponencial de 50 semanas a 67,25 e a metade da Banda de Bollinger a 74,10.
“A partir de agora, se os preços se firmarem acima de 67, pode gerar uma ação de lado, com alguma recuperação para retestar os níveis de 71,20, 72,50 e 74,50”, disse Dixit, que contribui regularmente com análises técnicas de commodities para o Investing.com.
Jeffrey Halley, outro analista da OANDA, tinha uma visão neutral para petróleo antes da reunião da Opep, embora concordasse com Dixit que um teste das máximas poderia encontrar resistência a US$77 no Brent e US$74 no WTI.
“Em vez de tentar adivinhar o próximo passo da Opep+, prefiro ficar de fora, já que os mercados petrolíferos devem ficar mais vulneráveis às manchetes sobre a ômicron e a violentas oscilações de sentimento”, escreveu Halley em um comentário publicado na terça-feira.
“A maior volatilidade também causa fortes oscilações nos resultados das operações”.
Dito isso, as médias móveis de 200 dias no Brent e WTI, a 72,70 e 70,00, "podem fornecer algum suporte, já que uma queda até esses patamares fará com que o IFR entre em território sobrevendido”, escreveu.
“Acima disso, podem encontrar resistência em US$77 e 74 por barril, respectivamente”, concluiu.
Aviso de isenção: Barani Krishnan utiliza diversas visões além da sua para oferecer aos leitores uma variedade de análises sobre os mercados. A bem da neutralidade, ele apresenta visões e variáveis de mercado contrárias. O analista não possui posições nos ativos e commodities sobre os quais escreve.