Indubitavelmente as redes sociais não esgotam a capacidade de provar que podem fazer pior do que o já foi feito e que continuam fazendo, e este importante veículo de formação opinativa ou indução a crenças nem sempre verdadeiras influencia e contamina a opinião pública.
A política já se acostumou com as “fake news” e inquestionavelmente muitos fazem das mesmas suas verdades e deixam de se aperceber do que é efetivo e do que é estratégia para dinamizar mentiras.
E enquanto ainda se convive com esta tormenta da modernidade, eis que o mercado financeiro experimenta um movimento articulado à partir das redes sociais, o “short squeeze”, especulação forte e voraz que ameaça o comportamento da formação de preços no mercado global, por enquanto pontualmente destacado no mercado americano.
A cena global que já convive temerosa com a crescente retomada da dinâmica da pandemia do coronavírus, ganha agora a convicção de que o que está ruim pode ficar pior e muito rápido e de forma atemorizante, também, no mercado financeiro afetando a formação dos preços, visto que o fato ocorrido não pode ser considerado pontual e pode se alastrar não só para o mercado acionário, mas para todos segmentos relevantes na economia mundial.
Este novo quadro preocupante afeta a formação dos preços no mercado internacional, mas, não só isto, tende a deprimir volumes operacionais no mercado financeiro e até de commodities e influenciar posturas defensivas.
Por mais que seja vigilante no Brasil a CVM, não se pode descartar este risco no nosso mercado, basta fazer um “reminder” aos eventos envolvendo Nahas e especialmente, Nagib Audi, embora hoje haja maior transparência e limitações para movimentos bruscos. É preciso ficar atento, práticas ruins se propagam muito rapidamente.
Mas, além deste ambiente envolvendo o agravamento da pandemia do coronavírus, fake news e “short squeeze”, devemos considerar no Brasil o entorno destas questões com ênfase às incertezas envolvendo a novação ou não dos programas assistenciais, sério e relevante negativamente na atividade econômica, já que devem começar a serem observados com maior intensidade os reflexos da interrupção destes benefícios nos indicadores.
Ruídos perturbadores estão acentuadamente presentes na política, onde teremos as eleições para as presidências do Senado e da Câmara, e afora isto, há muitos desencontros exteriorizados na cúpula do Governo, ensejando debates públicos absolutamente inadequados.
Há movimentos intranquilizadores, face à experiência anterior, envolvendo greve dos caminhoneiros e isto, no Brasil, é relevante visto que 70% do transporte de cargas na economia nacional e realizado pelos mesmos.
As eleições no Congresso, dependendo dos resultados, podem ensejar ou não melhores expectativas para o andamento das reformas e privatizações, sem o que a viabilidade do país fica prejudicada e acentua o risco fiscal.
A tendência mais óbvia é intensa volatilidade nesta segunda-feira, não se descartando nova rodada de perdas na Bovespa, e o preço do dólar sob pressão altista, já que há fatores inúmeros criando nebulosidade com potencial de se tornar tempestade, dependendo dos resultados evolutivos.
No mais, a percepção de inflação em forte aquecimento é notória e se torna imperativo que o COPOM venha a elevar a taxa de juro, até mais para equalizar a formação da taxa cambial que é um fator de propagação da espiral inflacionária.
Lamentavelmente, o momento do Brasil enseja muito mais preocupações do que eventual otimismo, e já se passaram dois anos deste governo.