Publicado originalmente em inglês em 10/08/2021
Resumo:
- O segmento de anúncios do Facebook pode sofrer uma desaceleração após a mudança de software implementada pela Apple, dando aos usuários mais poder sobre o compartilhamento de seus dados.
- Esse vento contrário temporário pode ser uma oportunidade de compra, já que o crescimento do lucro do FB é forte com suas novas ferramentas de comércio eletrônico.
- A maioria dos analistas recomenda compra na ação.
Os investidores do Facebook (NASDAQ:FB) (SA:FBOK34) já estiveram nessa situação antes, ao enfrentar um dilema bastante familiar: será que as ações da gigante das redes sociais estão sobrevalorizadas após o poderoso rali deste ano?
Diante do balanço do 2º tri da companhia no mês passado, parece que essas preocupações ofuscaram todas as boas notícias que o CEO Mark Zuckeberg compartilhou com os investidores. Apesar de ter superado as estimativas dos analistas tanto em relação ao faturamento quanto ao lucro, as ações do FB perderam força, caindo mais de 3% desde o anúncio.
Antes do último balanço, divulgado em 28 de julho, o FB vinha registrando um dos melhores desempenhos no grupo FAANG, que inclui Apple (NASDAQ:AAPL) (SA:AAPL34) e Amazon (NASDAQ:AMZN) (SA:AMZO34). As ações da empresa sediada em Menlo Park, Califórnia, dispararam mais de 30% neste ano, o que fez sua capitalização de mercado superar a marca de US$1 trilhão no último trimestre.
Para o futuro, no entanto, há preocupações de que o crescimento da companhia irá desacelerar significativamente, tornando suas ações menos atraentes se comparadas com outras oportunidades no mercado. Alguns investidores ficaram decepcionados ao ouvir dos executivos que a taxa de crescimento da receita ano a ano no segundo semestre poderia “desacelerar significativamente”.
A maior incerteza vem das novas restrições da Apple para coleta de dados no iPhone, ao exigir que os usuários permitam explicitamente que os fabricantes de aplicativos rastreiem sua atividade. A empresa vinha dizendo, há vários trimestres, que seus negócios com anúncios enfrentavam riscos por causa da recente atualização do software iOS da Apple.
Os dados da indústria mostram que os usuários só permitem que os aplicativos rastreiem seu comportamento em 25% do tempo, segundo uma reportagem da Bloomberg. O menor rastreamento significa que será mais difícil para o Facebook e outras empresas online personalizar e direcionar seus anúncios, a fim de permitir que as empresas encontrem seus clientes mais promissores.
Obstáculos temporários
Sem dúvida, a atualização de software da Apple criará um vento contrário temporário para os resultados do FB. Mas os investidores que acompanham Zuckerberg sabem que ele é extremamente hábil para superar esses desafios. Essa desaceleração temporária no crescimento, em nossa visão, ofereceu uma oportunidade de compra para investidores de longo prazo.
O ambiente pós-pandemia e a grande disposição das empresas de alcançar seus clientes online dá suporte a essa visão otimista sobre o Facebook. Há fortes evidências de que os enormes gastos dos anunciantes para alcançar consumidores online vão continuar. Além disso, não podem deixar de lado a maior plataforma de mídia social do planeta.
Os números trimestrais do FB continuam dando suporte a essa visão. As vendas no 2º tri saltaram 56%, para US$29,1 bilhões, com o Facebook informando que tem 1,91 bilhão de usuários ativos diariamente em sua principal rede social. O lucro líquido no trimestre passado mais do que dobrou, alcançando US$10,4 bilhões.
Otimismo dos analistas
A maioria dos analistas também acredita que o Facebook continuará se beneficiando dos maiores gastos dos consumidores com marcas que anunciam diretamente em seus aplicativos, entre os quais estão o Instagram e o WhatsApp. Em nota recente, a Canaccord Genuity manteve sua recomendação de compra na ação, elevando seu preço-alvo de US$380 para US$420.
“Embora as alterações de privacidade continuem gerando incerteza na perspectiva do Facebook, a mudança dos gastos publicitários para canais digitais e os esforços da companhia no sentido de integrar o comércio eletrônico em suas plataformas devem respaldar seu forte crescimento contínuo, o que, em conjunto com um valuation razoável, corrobora nossa visão favorável da ação”.
Stephen Ju, analista do Credit Suisse, elevou seu preço-alvo para US$500, mantendo a classificação de outperform (acima da média), dizendo que o crescimento do fluxo de caixa livre pode acelerar. Ele baseou sua tese nos seguintes pontos:
“Dado o potencial de crescimento da receita com anúncios acima da expectativa, graças a inovações de produtos (Facebook Shops, Search in Marketplaces, etc.), os modelos de Wall Street são muito conservadores e subestimam o potencial de monetização de longo prazo de outras propriedades com bilhões de usuários, como Messenger e WhatsApp, além da opcionalidade para crescimento de FCF mais rápido e maior eficiência no filtro de conteúdo/custos de segurança”.
Colin Sebastian, analista da Baird, elevou seu preço-alvo de US$ 340 para US$390, dizendo que as correções nas ações do FB eram oportunidades de compra antes do surgimento de tendências de gastos dos consumidores mais fortes sazonalmente e maiores benefícios de comércio/transações no 4º tri.
Esse otimismo também ficou evidente em um levantamento feito pelo Investing.com com 50 analistas, cujo preço médio para os próximos 12 meses mostra um potencial de alta de 11%, com 43 recomendações de compra.
Gráfico: investing.com
Novas ferramentas de e-commerce
Para investidores de longo prazo, existem muitas razões para acreditar que as ações do FB ainda têm mais espaço para subir. O Facebook está impulsionando seu crescimento futuro, ao investir em novas ferramentas de e-commerce que permitem que pequenas empresas vendam seus produtos diretamente em suas plataformas.
Em junho, o Instagram anunciou uma ferramenta que facilitará que varejistas ofereçam serviços para que os clientes experimentem produtos através da realidade aumentada, como sapatos, roupas e maquiagem. O Facebook também está expandindo seus meios de comunicação com seus clientes que usam o WhatsApp, ao alertar as pessoas quando um item popular estiver disponível em estoque.
Na teleconferência de resultados com analistas, Zuckerberg também falou sobre seus planos de investir mais em criadores de conteúdo, melhorar recursos de comércio eletrônico e construir um meta-verse, descrito por ele como um ambiente digital social diferente de tudo o que existe.
Zuckerberg afirmou o seguinte na teleconferência:
“A qualidade definidora da presença em meta-verse é essa sensação de que você já está lá com a outra pessoa ou em outro local. A criação de avatares e objetivos digitais será fundamental na forma como nos expressamos”.
Conclusão
As ações do Facebook, em nossa visão, estão enfrentando um momento de fraqueza pelo fato de os investidores preferirem aguardar de fora para ver como as mudanças de software da Apple afetam as vendas de anúncios da gigante das redes sociais. Mas qualquer fraqueza em suas ações deve ser considerada como uma oportunidade de compra. Sua base de mais de 2,85 bilhões de usuários e suas ferramentas exclusivas para pequenas empresas continuam fazendo com que suas ações sejam um investimento atraente no longo prazo.