O livro “Faça Fortuna com Ações, Antes que seja Tarde”, de Décio Bazin, é um dos clássicos da literatura brasileira de investimentos. Nele, o autor conta como era o mercado financeiro durante as décadas de 60, 70, 80 e 90 e divulga a sua tão famosa “fórmula”.
Para uma ação específica ser alvo de investimento, esta tinha que obedecer aos seguintes critérios presentes na fórmula de Bazin:
- Empresas com Dividend Yield > 6%;
- Empresas com poucas dívidas;
- Empresas não envolvidas em escândalos.
Na minha concepção, nenhum investidor deveria tomar uma decisão de investimento baseado em simples fórmulas, pois elas são altamente suscetíveis a erros por conta de sua simplicidade. Vejamos abaixo o porquê.
Dividend Yield
Ao se deparar com um alto Dividend Yield, um investidor ganancioso pode pensar que finalmente encontrou a sua tão procurada barganha, aquela que lhe remunerará com generosos dividendos e altos ganhos de capital.
No entanto, é extremamente provável que ele venha a se decepcionar. Pegamos a Oi (SA:OIBR3) como exemplo. Pouco tempo antes de declarar recuperação judicial, as ações da operadora de telefone chegaram a “pagar” 17,5% de Dividend Yield, o que era claramente insustentável.
O investidor que decidiu investir na Oi (SA:OIBR3) por conta de seu Dividend Yield obteve, de lá para cá, um doloroso retorno de -94%.
Empresas com poucas dívidas
Décio Bazin não define em seu livro o que é uma empresa com poucas dívidas, até porque isso é subjetivo de um setor para outro. Como podemos ver na tabela abaixo, os índices de dívida variam fortemente de uma indústria para outra.
Alguns setores, como as redes hoteleiras e as companhias aéreas, são grandes emissores de dívida. Do outro lado, empresas de tecnologia, como de software e internet, tendem a operar menos alavancadas.
Dessa forma, um múltiplo que pode ser considerado arriscado para um setor pode ser considerado saudável para outro, e vice-versa. No geral, gosto de empresas com Dívida Líquida menor do que o Patrimônio Líquido e, no máximo, três vezes o EBITDA. No entanto, cada caso é um caso, e já recomendei ações que fugiam desta “regra”.
Empresas não envolvidas em escândalos
Por fim, isto também é subjetivo, pois a conclusão do fato depende da interpretação do investidor, que irá julgá-lo como escândalo ou não. Obviamente que notícias ligando a empresa com práticas de corrupção são, sem dúvidas nenhuma, um escândalo, e você deveria se desvencilhar de companhias com má governança corporativa.
No entanto, o investidor pode vir a se precipitar e considerar pequenos ruídos, maximizados e exagerados pela mídia, como grandes escândalos, deixando de aproveitar as oportunidades que as quedas irracionais da Bolsa de Valores geram.
Sendo assim, o Método Décio Bazin é interessante para investidores que estão começando, dado a simplicidade do modelo. No entanto, assim como todas as fórmulas prontas no mundo dos investimentos, possui seus erros e, por isso, não deve ser utilizada para tomada de decisões racionais.
Mesmo com seus defeitos, é inegável que a “Fórmula” de Décio Bazin mostrou-se vencedora. Como podemos ver no gráfico abaixo, R$ 10.000 investidos em 2014 se tornariam cerca de R$ 34.000 ao final de 2019, superando tanto o Ibovespa quanto o CDI.