Artigo publicado originalmente em inglês no dia 01/11/2017
Duas gigantes multinacionais americanas de petróleo (IOCs) registraram na semana passada crescimento significativo nos lucros do terceiro trimestre, sugerindo que os tempos difíceis para as empresas de petróleo podem estar chegando ao fim. Esses lucros, no entanto, podem ter custado caro. Muitas companhias de petróleo reduziram os gastos de capital de longo prazo e venderam ativos não desenvolvidos para ter um balanço melhor no curto prazo.
Na última sexta-feira, 27 de outubro, a ExxonMobil (NYSE:XOM)) registrou ganhos de US$ 3,97 bilhões, o que representa um LPA de US$ 0,93 em US$ 66,16 bilhões de receita. Isso ocorreu apesar dos contratempos do furacão Harvey que, estima a empresa, cortou US$ 0,04 por ação de seus lucros. Os resultados ultrapassaram as expectativas do mercado e as ações da Exxon subiram ligeiramente após o balanço.
No mesmo dia, a Chevron (NYSE:CVX) divulgou lucro de US$ 1,95 bilhão ou US$ 1,03 por ação. A empresa não foi impactada significativamente pelo furacão Harvey e, apesar de reportar lucros maiores do que no terceiro trimestre de 2016, a Chevron ficou abaixo das expectativas. As ações caíram na sexta-feira após o balanço. Durante a teleconferência a Chevron explicou que seus esforços para cortar custos continuam e enfatizaram a redução nos gastos feitos em projetos de grande escala.
Tanto a Exxon quanto a Chevron fizeram cortes significativos em grandes despesas correntes e investiram mais no petróleo de shale dos Estados Unidos. A Exxon aumentou sua presença na Bacia do Permiano e planeja aumentar sua produção em 45% nos próximos quatro anos. A Chevron, enquanto isso, detém ativos de 2 milhões de hectares na Bacia do Permiano e planeja aumentar suas plataformas de perfuração para 20 até o final de 2018.
Ambas as empresas estão criando uma imagem de maior sucesso, provavelmente em detrimento do desenvolvimento a longo prazo. Os preços mais altos do petróleo, juntamente com cortes em projetos grandes e de longo prazo, deixam seus balanços melhores.
No entanto, os principais IOCs têm tradicionalmente garantido seu sucesso a longo prazo e o abastecimento das necessidades energéticas mundiais ao gastar, continuamente, quantidades significativas na exploração e desenvolvimento, o que não gera produção durante anos. As maiores IOCs estão aparentemente abandonando essa estratégia - ou, pelo menos, negligenciando - para impulsionar o preço de ações de curto prazo.
Em cinco, dez ou até mesmo 20 anos isso poderia levar a uma súbita falta de petróleo e aos incontáveis efeitos negativos nos preços das ações dessas mesmas empresas. (Uma vez que muitos desses IOCs agora têm seu lucro principal no preços do processamento e distribuição de petróleo, mas os altos preços do petróleo nos próximos anos podem não ser tão benéficos para as IOCs quanto já foram.)
Próximos eventos a observar:
- Pioneer Natural Resources (NYSE:PXD) e Sandridge Energy (NYSE:SD) balanços de lucro na quarta-feira, 1° de novembro, pós-fechamento.
- Chesapeake Energy (NYSE:CHK) balanço na quinta-feira, 2 de novembro, pré-abertura.
- EOG Resources (NYSE:EOG) balanço na sexta-feira, 3 de novembro, pré-abertura.
- Continental Resources (NYSE:CLR) balanço no dia 7 de novembro, pós-fechamento.