A política monetária dos países desenvolvidos está “roubando a cena” dos mercados nos últimos dias. A discussão da intensidade da alta de juros nos EUA e na Europa tem sido o principal fator de alta do câmbio.
Paralelamente a isto, no Brasil tivemos recentemente a aprovação da PEC dos Auxílios, o que pressiona o cenário fiscal. Outro ponto que adiciona uma sustentação da paridade dólar x real são as eleições no Brasil, pois estamos há praticamente três meses dela em um cenário binário.
Ou seja, os fundamentos macro apontam para firmeza da moeda norte-americana em curtíssimo prazo.
Isto tem aberto o cenário de “céu de brigadeiro” para os frigoríficos exportadores de carne bovina do Brasil.
Historicamente, o volume embarcado do Brasil em julho foi maior do que junho nos últimos 5 anos. Os dados divulgados pelo MDIC até a semana anterior, são preliminares, mas caso fossem projetados, o volume consolidado teria potencial de crescimento de aproximadamente 14% na comparação mensal e 6,0% na comparação anual em jul/22.
Já olhando para os meses seguintes, outro ponto que devemos acompanhar é o ano novo chinês, feriado do nosso principal importador do produto, que em 2023 será mais cedo do que o normal, em 22 de janeiro. Este fator deve concentrar o apetite de compra do abastecimento chinês desde julho e até o final de outubro.
Em nossa opinião, a combinação destes fatores mencionados acima deixará essa janela de exportação de carne bovina brasileira ainda mais forte e mais concentrada do que vimos em 2021.
Vale lembrar que o mercado é dinâmico, as condições de oferta de animais mudam rápido (principalmente na entressafra) e que no ano anterior tivemos o “susto” do auto embargo para a China, o que deixou a base de comparação de volume mais fraca entre outubro/21 e novembro/21.
Portanto, esse dinamismo vai exigir mais atenção do pecuarista para aproveitar as oportunidades que as ferramentas de proteção de preço oferecem.