Expedição Soja Brasil, Raio-X da Safra em Mato Grosso

Publicado 05.11.2013, 10:19
Atualizado 09.07.2023, 07:32
ZS
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O que está acontecendo com a qualidade das

sementes?

A expedição Soja Brasil teve início, o objetivo é percorrer mais de 40 mil quilômetros pelas lavouras de soja brasileiras, falando com produtores, mostrando os problemas individuais e regionais, produzindo inúmeras matérias com casos de sucesso e também relatando problemas pontuais. O início foi em Vilhena-RO e depois entrou em Mato Grosso de onde segue para Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Na segunda etapa em Janeiro, ainda serão visitados municípios do MAPITOBA, Minas Gerais e São Paulo.
Eu e a equipe do Canal Rural finalizando mais um dia de expedição
Acompanhei os primeiros dias da expedição e continuarei fazendo minha participação semanal com o intuito de ter uma ideia geral da real situação do país. E para isso, o contato com os produtores é fundamental, pois vamos fazendo um Raio-X das demandas locais. Além disso, é feito um trabalho de extensão rural importantíssimo através da mídia, em que os produtores podem tirar suas dúvidas com os técnicos e especialistas que acompanham a expedição. E sem dúvida, a importância desse projeto está aí, em traçar esse panorama da safra e realizar um trabalho de extensão.

Pude identificar como um dos principais problemas nesta safra a qualidade da semente, desde Vilhena fomos relatando casos de má qualidade, atraso na entrega e a não entrega das sementes. Em campo, identificamos o que a enquete no site da APROSOJA-MT já mostrava: 37,56% dos participantes indicaram atraso na entrega da semente e 15,74% que não vão receber a semente, índices que preocupam. E na última reunião da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA, todos os estados apontaram quadro semelhante.

O atraso na entrega da semente acarreta um dano direto ao produtor, já que fatalmente haverá atraso no plantio, perda de produtividade e maior exposição a doenças. Mas a não entrega é muito mais grave, pois como o produtor fará para conseguir semente em cima da hora e a que preço? Para piorar, ainda há o agravante da qualidade da semente que está deixando a desejar e pode afetar significativamente a produtividade individual de produtores em todo o Brasil.

Outro ponto muito levantado na expedição foi o custo de produção. É notória a preocupação dos produtores com os custos que subiram muito. Os preços de fertilizantes e defensivos ficaram altos demais casando preocupação, afinal com os preços da soja muito abaixo comparado a safra anterior, os produtores ficam muito prejudicados em sua rentabilidade. Segundo o último boletim do IMEA para soja, o custo dos fertilizantes cresceu 20% em relação à safra passada, enquanto os defensivos aumentaram 22%.

Por outro lado, embora as sementes tenham um peso menor nos custos de produção de soja, houve um aumento no preço fora do normal, 43% nesta safra. Em média, a semente ficou mais cara 33%, cálculos da APROSOJA-BR com base em dados da Conab. Ou seja, deve ter havido um aumento grande na procura ou perdas na produção de semente, reduzindo a oferta, ou uma combinação dos dois. Como temos visto atrasos na entrega, ou a não entrega e uma germinação muito abaixo do prometido, acredito mais na redução da oferta por problemas na produção de sementes.
Logística ainda é um problema no Brasil
Além dos problemas de aumento de custos, para todos os produtores entrevistados em Mato Grosso, um dos agravantes da safra será a logística. Produtores reclamam da atual situação das estradas estaduais e federais, dizem que as estradas estaduais estão esquecidas e que está onerando em muito o custo do escoamento. Sobre a BR 163, nem precisamos dizer que o caos se instalou. Semana passada, um estudo da Confederação Nacional do Transporte (CNT) mostrou que o trecho da Rodovia de Cuiabá até o norte do estado está entre os piores para se trafegar no Brasil. Ou seja, acabamos de iniciar o plantio e já vemos que os problemas de escoamento se agravaram.

E é claro, com todos os produtores que falamos a preocupação com pragas e doenças é enorme, afinal, a ferrugem da soja e a helicoverpa já tiraram bilhões dos produtores. A ferrugem fez com que a maioria dos produtores adiantasse o plantio nesta safra. E é grande a preocupação com a entrega de produtos por parte das empresas que também está lento e atrasado. Se os prejuízos da ferrugem e a Helicoverpa já assustam, imaginem sem produtos para combater na fazenda?
Lagarta Helicoverpa na produção
Como não haveria de ser diferente, neste momento a preocupação principal é com o clima, e que está estranho na opinião dos produtores. As chuvas estão esparsas, pouco constantes e apesar de não prejudicar até agora, atrasou o plantio de alguns produtores. Mas nós sabemos para o clima não existe remédio a não ser rezar muito. Rezar agora para chover e rezar na colheita para parar de chover.

Um dos pontos que observei em minha conversa com os produtores durante o trajeto que acompanhei, foi que em todos os municípios existe uma grande preocupação com nossa representação política. O que é normal, afinal vem uma eleição por aí e eu tenho dito a todos a importância de nos mobilizarmos e darmos nossa contrapartida e também cobrar, identificar os candidatos alinhados conosco. Mas sinceramente vejo pouca ação neste sentido, e se continuar assim, com o setor produtivo desarticulado, colheremos frutos amargos à frente. Fiquem atentos.





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