Quando escrevemos no artigo de 24 de Dezembro que novas análises de sentimento provavelmente iriam incorporar fatores adicionais em jogo, estavamos longe de imaginar que a FOMC nos iria surpreender com um comunicado muito hawkish, revelando que dentro do comitê existe uma forte divisão sobre a continuidade do QE3, e até à sua eventual extinção antes do final de 2013.
Este foi o ingrediente suficiente para que este par sofresse uma forte venda em curtíssimo espaço de tempo, ajudado por uma semana em que nem todos os participantes estavam no ativo.
De salientar igualmente que a anterior reação ao acordo fiscal foi fraca, precisamente porque, contrariamente às espetativas, se tratou de um mini acordo destinado apenas a conferir um balão de oxigénio por dois meses (teto da dívida e cortes da despesa ainda por acordar).
ASPETO TÉCNICO
A forte venda conduziu a cotação até ao mínimo de 1.2996, recuperou bem no intradia, tendo fechado a Sexta-Feira nos 1.3067, acima do suporte que tínhamos admitido no artigo anterior como menos provável de atingir (1.3045).
No Gráfico 1, o padrão formado em velas diárias sugere um eventual teste à Linha Clavicular de Janeiro-Novembro de 2012, e provável rebound, que, a materializar-se, poderá conduzir de novo a cotação até à zona de forte resistência nos 1.3306/08, assinalada pelos Pin Bar.
Não atribuimos demasiada importância à vela negativa tipo Marubozu no gráfico diário do EUR/USD, dado ter sido formada em ambiente de liquidez inferior ao normal, como referimos acima. Consideramos os referidos Pin Bar como as verdadeiras resistências que, a serem superadas, nos podem conduzir a cotação até aos 1.3500, conforme mencionado em artigos anterores.
Como suporte à tese do reteste à zona de forte resistência, socorremo-nos posicionamento especulativo que passou de Net Short a Net Long (Gráfico 2) e da probabilidade dos Futuros do SP500 (com quem este par tem mantido uma correlação positiva) atacarem os 1500 pontos, sugerido pelo Marubozu em vela semanal (Gráfico 3).
TRADING DE CURTO-MÉDIO PRAZO
Para trading de curto-médio prazos, será importante analisar a ação de preços em relação ao mínimo relativo nos 1.2996, o qual, mantendo-se a reação em alta ao seu teste, dará argumento para uma abertura Longa, com Stop Loss abaixo deste valor.
Por outro lado, se aquele suporte for quebrado em baixa anula a tese anterior, sendo de admitir uma queda até os 1.2979, mínimo de Dezembro. Neste cenário, o argumento favorecerá uma abertura Curta com Stop Loss nos 1.3126 (máximo de 5 de Dezembro).
FATORES DE RISCO
Alguns fatores e sinais recentes merecem uma reflexão no que diz respeito à ação de preços a médio prazo.
Se a divisão existente entre os membros do Comitê, em que alguns sugerem a extinção do QE3 antes do final de ano, é Dólar-Positivo, a manutenção deste tema na discussão pública e nos mídia poderá invalidar a tese de subida até 1.3500.
Esta invalidação poderá ser eventualmente suportada pela resiliência que a economia norte-americana tem revelado (por exemplo, dados do emprego nos indicadores PMI e ISM), que inclusivamente já conduziu a algum fecho de Curtos no Dólar por parte do posicionamento especulativo, se bem que ainda se não verifique aumento de Longos.
Importa ler com cautela o posicionamento especulativo no Euro assinalado no Gráfico 2, porque diz respeito a dados coligidos em 31 de Dezembro, por conseguinte antes do comunicado do FOMC que deu origem à forte venda.
Por outro lado, assistiu-se a alguma descorrelação entre os Futuros do SP500 e o EUR/USD nestes últimos dias, embora ocorrida em ambiente de menor participação, sendo prematuro sobrevalorizar.
Os sinais são ténues e a amostragem ainda pequena, porém deixam a ideia de que o Dólar poderá a médio prazo brilhar e vir a correlacionar-se positivamente com o modo Risk-On, o mesmo é dizer, assistir-se a uma mudança de paradigma em termos de sentimento de mercado.
Para lidar com todas estas incertezas, temos que colocar os Stop Loss a fazer o trabalho que lhes compete!
Bons negócios e feliz 2013!
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