Enquanto o Brasil se encontra no meio de uma segunda onda, em lockdown e com baixo estímulo econômico, os EUA mostram uma recuperação de dar inveja.
Além de dados econômicos robustos, a taxa de desemprego vem se recuperando em uma velocidade nunca antes vista, e com expectativa de chegar a níveis pré-coronavírus já no final deste ano.
No quesito vacina, eles são os mais avançados na imunização da população, que deve se dar por completo até o final do primeiro semestre.
A retomada da vida normal é a variável mais importante para uma recuperação econômica. Ela devolve o fluxo de pessoas às ruas, além de terminar o efeito da poupança precaucional, aumentando o consumo.
Além disso, eles seguem oferecendo estímulos econômicos pesados, além de um programa agressivo para investimentos em infraestrutura e economia verde. O fato deles serem a moeda do mundo e a economia mais rica do globo ajuda na hora de aumentar os deficits e a dívida para financiar esse programa agressivo.
A volta da atividade somada ao juro ainda muito baixo certamente impulsionará o lucro das empresas. Essa informação é extremamente importante para todos os investidores!
Claro que há riscos
O grande risco pós-abertura econômica é a inflação!
São tantos estímulos – junto com um desemprego que estará tão baixo – que o aumento de poupança no passado pode rapidamente virar consumo, e essa enxurrada de consumo pode rapidamente virar inflação.
Para apimentar ainda mais esse cenário, embora os EUA estejam se recuperando rápido, eles são altamente dependentes da cadeia produtiva mundial, que não está com a mesma perspectiva de vacinação. Como os grandes importadores do mundo, eles também estão sofrendo as consequências de quebras na cadeia produtiva e falta de insumos.
Semana passada, tivemos um dado importante que surpreendeu e assustou o mercado. O IPP, índice de preços ao produtor nos EUA (como se fosse nosso IGP-M), subiu para 6 por cento. Um dos maiores níveis dos últimos 20 anos.
Junte os seguintes fundamentos:
- Recuperação forte;
- continuidade de estímulos agressivos;
- vacinação total da população;
- retomada da vida com o fim da poupança precaucional;
- continuidade de quebras na cadeia produtiva global;
- juros básicos em zero e sem perspectiva de subir.
Todos esses fatores podem criar a tempestade perfeita para um cenário de aceleração da inflação americana.
Lembrando que o Federal Reserve foi bem claro em explicitar que esperará uma alta contundente da inflação americana, deixando ela subir acima da meta por um tempo, para ter certeza da sua consistência antes de agir. Isso certamente é um grande risco a uma aceleração que saia do controle.
Juntamente com todo esse risco, temos um mercado que precifica os juros longos americanos muito próximo aos menores patamares históricos.
Eu vejo uma grande oportunidade nessa diferença entre cenário econômico e preços de mercado. Não por outro motivo, essa é uma das operações que eu mais gosto.
Renda fixa é um mundo infinito, cheio de oportunidades de ganhos agressivos. Essa visão de que renda fixa é "investir em CDB e esperar vencer" é um grande desperdício de recursos.
Boa semana!