Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com
- O período parabólico termina – bitcoin cai pela metade, ethereum se sai um pouco melhor na queda
- Bitcoin é líder, ethereum está na segunda posição distante
- Ethereum e bitcoin têm objetivos diferentes
- Risco-retorno pode favorecer ethereum
- Proof of stake do ethereum reduz custos; finanças descentralizadas favorecem ethereum
Em 7 de junho, flutuavam pelo ciberespaço 10.332 criptomoedas. O número de novas criptos entrando em cena continua crescendo a cada dia. A valorização das principais moedas digitais fez com que os participantes do mercado saíssem em busca do próximo bitcoin ou ethereum capaz de transformar um pequeno investimento em uma grande fortuna.
Um investimento de US$10 no bitcoin em 2010 a cinco centavos teria virado mais de US$13 milhões na última máxima acima de US$ 65.000. Em 2015, o ethereum era negociado abaixo de US$1, em comparação com o pico mais recente de mais de US$4400. US$100 investidos há sete anos teriam gerado US$440.000.
Outras criptomoedas geraram retornos incríveis para os investidores. O dogecoin, “pet cripto” favorita de Elon Musk, explodiu na esteira de um frenesi especulativo na classe de ativos e da divulgação de apoiadores de alto perfil. Com mais de 10.000 outras criptos, a busca pelo diamante bruto continuará. Esses grandes retornos funcionam como um poderoso ímã para a atividade especulativa.
Não podemos deixar de ressaltar como foi incrível a ascensão do bitcoin e ethereum. Mesmo tendo perdido metade do seu valor nas últimas semanas, os líderes da classe de ativos continuam em níveis estratosféricos, com muitos participantes do mercado na expectativa de novas máximas mais altas.
O período parabólico termina – bitcoin cai pela metade, ethereum se sai um pouco melhor na queda
O bitcoin, líder incontestável e representante máxima do grupo, atingiu sua máxima mais recente em 14 de abril. A líder das moedas digitais tocou o pico no dia em que a Coinbase (NASDAQ:COIN) estreou na Nasdaq.
A COIN serve de base para investimento nas criptomoedas. A plataforma de negociação lucra com os volumes operados, e não com os níveis de preço das moedas digitais. A COIN opera no criptomercado da mesma forma que a CME e a ICE atuam nos mercados futuros e de derivativos. Essas três empresas são plataformas de investimento e negociação.
As criptomoedas desenvolveram um padrão de topos ascendentes, à medida que eventos do mercado aumentaram sua aceitação como investimento e instrumentos de negociação. No fim de 2017, o lançamento dos contratos futuros na CME fez o bitcoin superar o nível de US$ 20.000 pela primeira vez.
Os grandes investimentos feitos pela Square (NYSE:SQ) e Tesla (SA:TSLA34) no fim de 2020 e início de 2021 fez o bitcoin registrar novos recordes. A estreia dos contratos futuros do ethereum alçou os preços da segunda maior criptomoeda neste ano. Contudo, eventos adversos provocaram correções. O primeiro exemplo ocorreu em 2014 quando um ataque hacker à Mount Gox fez o preço do bitcoin afundar. O evento mais recente foi a decisão da Tesla de não aceitar mais o bitcoin como forma de pagamento dos seus veículos elétricos por razões ambientais.
A proibição imposta na China sobre as moedas digitais, enquanto o país avança na implementação do seu iuane digital, talvez tenha tido uma influência maior na queda dos criptoativos, botando um fim nos ralis parabólicos.
O gráfico semanal do bitcoin futuro mostra a queda de US$65.520 em 14 de abril até a mínima de US$30.205 um pouco mais de um mês depois. O declínio de 53,9% foi um lembrete de que mercados parabólicos podem se tornar facas afiadas em queda num piscar de olhos. A US$32.000 em 8 de junho, o bitcoin ainda estava mais de 51% abaixo do seu pico histórico e 5,9% acima da mínima mais recente.
O ethereum atingiu o pico a US$4.406,50 na semana de 10 de maio e atingiu a mínima de US$2.062 duas semanas depois da máxima, um declínio de 53,2%. A US$2,410 em 8 de junho, ethereum estava 45,3% abaixo da máxima, mas 16,9% acima da mínima mais recente. O ethereum tem apresentado melhor desempenho que o bitcoin nas últimas semanas.
Bitcoin é líder, ethereum está na segunda posição distante
Em 8 de junho, a capitalização de mercado do bitcoin era de US$602,280 bilhões, com o ethereum na segunda posição, valendo US$279,611 bilhões. O bitcoin possui 41,3% e o ethereum, 19,2%, da capitalização de US$1,462 trilhão do mercado.
O bitcoin e o ethereum são os ativos dominantes, compartilhando mais de 60% do valor total da classe de ativos. Embora o ethereum esteja numa segunda posição distante, seu perfil e valor vêm subindo, roubando participação da moeda líder. O bitcoin e o ethereum são criptomoedas muito diferentes, com objetivos diferentes.
Ethereum e bitcoin têm objetivos diferentes
O bitcoin incorpora a ideologia das criptomoedas, já que atende o espírito libertário de acabar com o controle de governos e bancos centrais sobre a oferta monetária. É a principal marca na classe de ativos, com o maior nível de atenção dos grandes investidores, já que sua capitalização oferece a maior liquidez.
Como moeda descentralizada, longe das garras do Federal Reserve ou de qualquer outro banco central, o bitcoin oferece uma oferta máxima predefinida. O bitcoin é ideal para participantes do mercado que se opõem à impressão de dinheiro e outras iniciativas de política monetária que manipulam a oferta geral de dinheiro no sistema financeiro para fins políticos.
Além disso, seu desempenho nos últimos 11 anos faz com que seja uma commodity aquecida. A oferta limitada significa que existem 21 milhões de bitcoins. Cerca de 90% dos 18,6 milhões de bitcoin já foram minerados.
A taxa de criação de novos bitcoins é menor com o tempo via mecanismo de “halving”, que corta o ritmo de geração da moeda pela metade a cada 210.000 transações de blocos. O último halving ocorreu em maio de 2020, e o próximo ocorrerá em algum momento de 2024. O fundamental é que o bitcoin é uma alternativa ao dinheiro puramente libertária.
O ethereum opera como uma rede descentralizada com o potencial para aplicações. Muitas das criptomoedas surgiram da rede do ethereum. O bitcoin é dinheiro, enquanto o ethereum é uma infraestrutura, na medida em que é um blockchain capaz de revolucionar as finanças e a tecnologia.
A utilidade do ethereum só é limitada pelas inovações dos desenvolvedores do mundo, criando muito mais atividade em sua plataforma. Enquanto a mineração do bitcoin depende de poder computacional, o poder mais significativo do mercado de ethereum vem da propriedade de stakes.
A criação de novos tokens de ethereum ocorre através de um processo chamado “proof of stake”, em que a garantia é o token que é o validador da rede. Quanto mais ethereums, maior é o poder dentro do sistema.
Risco-retorno pode favorecer ethereum
O bitcoin e o ethereum podem ser os líderes das criptomoedas, mas a utilidade do ethereum e sua estrutura devem fazer seu valor subir em comparação com o bitcoin. Enquanto o bitcoin é apenas um token com tecnologia blockchain, o ethereum é um token e uma plataforma com potencial muito mais amplo.
Acredito que o ethereum continuará roubando participação de mercado do bitcoin, na medida em que incentiva a inovação, ao passo que o bitcoin serve de meio de troca.
Ainda que leve anos para que o ethereum supere o bitcoin na liderança, seu potencial de crescimento é maior quando consideramos valor, ou seja, o risco-retorno favorece o ethereum
Proof of stake do ethereum reduz custos; finanças descentralizadas favorecem ethereum
Com o crescimento das finanças descentralizadas (DeFi), o ethereum passará a ter um papel maior no mercado. Se as criptomoedas acabam com a necessidade de intermediários financeiros tradicionais, como corretoras e bolsas de valores, a natureza inovadora do ethereum como plataforma para criar blockchains eleva drasticamente o valor da cripto.
O ethereum ainda é mais arriscado que o bitcoin pois tem uma história menor. Como o retorno é sempre uma função do risco, o sucesso do ethereum pode fazer com que seu desempenho seja melhor do que o da líder da classe.
O processo de proof of stake do ethereum reduz a necessidade de energia para minerar tokens. A inovação criará tokens em vez de eletricidade e hardware. Os programadores mais eficientes e inovadores captarão a maioria dos tokens, fazendo com que o ethereum seja muito mais neutro em carbono, à medida que o mundo enfrenta a mudança climática.
É possível que vejam, em breve, Elon Musk e Tesla (TSLA) adotando o ethereum, pois ele se adequa melhor à missão da empresa de reduzir a pegada de carbono com seus produtos. Se bem que as baterias da TLSA contenham metais tóxicos que poluem o meio ambiente, os engenheiros e o CEO da companhia estão trabalhando intensamente para encontrar uma solução.
Os quatro problemas enfrentados pelas criptomoedas são custódia, segurança, carbono e o dilema político de controlar a oferta monetária. O ethereum pode solucionar a questão do carbono, tendo vantagem sobre o bitcoin, mas a custódia e a segurança continuam sendo um problema sério.
Já o controle da oferta monetária tem mais a ver com o exercício do poder. A proibição da China às criptomoedas, responsável por fazer seus preços caírem pela metade em questão de semanas, indica que a política ainda é a maior ameaça para a classe de ativos.