Considerando-se os primeiros três meses da temporada 2022/23 (de abril/22 a junho/22), as médias mensais dos Indicadores CEPEA/ESALQ dos etanóis hidratado e anidro estão respectivamente 6,8% e 10,4% acima das registradas no mesmo período da safra anterior, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-M de junho/22). Tratam-se, também, das maiores médias para esse período das últimas três temporadas. Segundo pesquisadores do Cepea, com a possibilidade de a produção ser menor – por conta das condições climáticas desfavoráveis no último ano –, a cana, de forma geral, não apresentou o padrão necessário para a antecipação das atividades de moagem no ano safra 22/23, como ocorre na maioria das vezes, o que acabou influenciando as cotações do biocombustível – a quantidade de cana processada deve ter queda de mais de 11%, e a qualidade, de 4%, resultando em diminuição de 7% na produção de etanol, segundo dados da Unica.
AÇÚCAR/CEPEA: VENDAS EXTERNAS RECUPERAM VANTAGEM SOBRE COMERCIALIZAÇÃO INTERNA
Cálculos do Cepea mostram que as exportações de açúcar cristal voltaram a remunerar mais que as vendas no mercado spot paulista. Mesmo com o preço interno avançando na última semana e voltando à casa dos R$ 127,00/saca de 50 kg, as valorizações do demerara na Bolsa de Nova York (ICE Futures), do dólar e do prêmio médio de qualidade tiveram maior peso e foram responsáveis pela recuperação da vantagem das exportações – cenário que não era verificado desde o fim de abril de 2021. De 11 a 15 de julho, enquanto a média semanal do Indicador de Açúcar Cristal CEPEA/ESALQ foi de R$ 127,04/sc, a das cotações do contrato nº 11 da ICE Futures (vencimento Outubro/22) foi de R$ 132,83/sc. Assim, as vendas externas remuneraram 4,56% a mais que o spot paulista. Para esse cálculo, foram considerados US$ 50,80/tonelada de fobização, US$ 89,00/t de prêmio de qualidade e R$ 5,4106 de dólar. No mercado spot do estado de São Paulo, diante de um cenário de exportações mais atraentes, agentes de usinas estiveram firmes nos valores pedidos pelo cristal, sobretudo pelo Icumsa 150, cuja disponibilidade nesta temporada 2022/23 segue menor. Além disso, a demanda esteve mais aquecida, o que elevou a liquidez nos últimos dias.
TRIGO/CEPEA: AGENTES FOCAM NO CAMPO E NA NOVA SAFRA E LIMITAM NEGÓCIOS; PREÇO SEGUE FIRME
Os negócios têm sido pontuais no mercado interno de trigo. Isso porque, segundo colaboradores do Cepea, os agentes estão atentos à finalização da semeadura em muitas regiões e já aguardam a entrada da nova safra nacional, que deve ter produção recorde. Além disso, o setor nacional também está atento às estimativas indicando quedas nas produções mundial e da Argentina, que é a principal fornecedora do cereal ao Brasil. Segundo o USDA, a produção mundial 2022/23 está estimada em 771,6 milhões de toneladas, queda de 0,2% em comparação ao apontado em junho/22 e 0,9% menor que a da temporada passada. Na Argentina, a Bolsa de Comércio de Rosário estima que a área com trigo no país diminua de 6,2 milhões de hectares para 5,9 milhões de hectares na safra 2022/23. Assim, a produção argentina também foi reduzida, prevista agora em 17,7 milhões de toneladas. Quanto aos preços no Brasil, apesar da baixa liquidez, seguem firmes, operando acima dos R$ 2 mil por tonelada e apresentando apenas pequenas variações, sobretudo no mercado de balcão.
IPPA/CEPEA: IPPA SE ESTABILIZA EM JUNHO
Em junho, o IPPA/CEPEA se manteve estável frente ao do mês anterior. O resultado se deveu ao contrabalanceamento das variações dos Índices de grupos de alimentos. Por um lado, o IPPA-Grãos e o IPPA-Hortifrutícolas recuaram, respectivamente, 0,6% e 0,3%; e, por outro, o IPPA-Pecuária avançou 0,4% e IPPA-Cana-Café, 1,2%. No caso do IPPA-Grãos, a queda esteve atrelada às desvalorizações do algodão em pluma e do milho. O cenário inflacionário e perspectiva de recessão econômica global influenciaram negativamente os preços externos e domésticos do algodão. No caso do milho, as expectativas de segunda safra recorde pressionaram os valores pelo terceiro mês seguido. Quanto aos hortifrutícolas, as desvalorizações da uva, da batata e do tomate, devido sobretudo à maior oferta, influenciaram o desempenho deste grupo de alimento. Já a alta observada no IPPA-Pecuária é atribuída às valorizações do suíno vivo, do leite e dos ovos. No caso do suíno vivo, a alta dos preços se deveu ao aquecimento da demanda no mês, que foi impulsionada, entre outros motivos, pelas comemorações festivas típicas do período. No caso do leite, a valorização, que se observa desde fevereiro deste ano, reflete a redução da oferta. Finalmente, em relação ao avanço IPPA-Cana-Café, atribui-se à valorização do café. O preço médio do arábica da safra 2021/22, que se encerrou em junho, foi o maior desde a temporada 1997/1998. Este resultado se deve, especialmente, à redução da oferta ocorrida na temporada. Na mesma comparação, o IPA-OG-DI Produtos Industriais, calculado e divulgado pela FGV, subiu 0,86% – logo, de maio para junho, os preços agropecuários caíram frente aos industriais da economia.