Mesmo com os aumentos sucessivos nos últimos meses, os preços médios dos etanóis hidratado e do anidro na safra 2020/21 ficaram abaixo dos registrados na temporada anterior, em termos reais. Levantamento do Cepea mostra que as médias da safra recuaram em função dos baixos preços praticados nos primeiros dois meses da temporada (abril e maio de 2020). Vale lembrar que, naquele período, algumas usinas tiveram necessidade de venda do biocombustível, enquanto a demanda pelo etanol esteve bem baixa, diante do início do período de restrições de locomoção, devido à pandemia de covid-19. De abril/20 a março/21, o Indicador CEPEA/ESALQ do hidratado foi de R$ 2,1574/litro, queda real de 13% frente ao do mesmo período da temporada 2019/20 (de abril/19 a março/20) – as médias mensais foram atualizadas pelo IGPM de março/21. No caso do Indicador CEPEA/ESALQ do anidro, a média foi de R$ 2,3729/litro em 2020/21, baixa de 12,8% frente à safra anterior.
Ainda considerando o balanço da safra 2020/21, o volume de etanol hidratado comercializado pelas usinas do estado de São Paulo caiu 20,5% frente ao mesmo período da temporada anterior (de abril de 2019 a março de 2020). O mês de destaque nas vendas do biocombustível foi outubro de 2020, quando a quantidade negociada correspondeu por 14,9% do total vendido no ano-safra pelas unidades, seguido por setembro (9%), mês em que os preços do etanol estiveram atrativos ao vendedor relativamente aos da gasolina. Em termos de preços relativos entre os etanóis e o açúcar cristal, o alimento manteve a vantagem sobre os etanóis ao longo da safra. Entre abril/20 e marco/21, o preço do açúcar superou em 45,4% o do hidratado e em 32,8% o do anidro. Entre os dois etanóis, o anidro superou em 9,3% o valor do hidratado, no mesmo comparativo. Essas relações foram obtidas considerando-se os preços líquidos de impostos e as quantidades de ATR (Açúcar Total Recuperável) utilizadas na elaboração dos diferentes produtos.
NORDESTE – Os preços dos etanóis anidro e hidratado subiram expressivamente em março nos estados de Pernambuco, Alagoas e Paraíba, influenciados principalmente pela valorização da gasolina A nas refinarias no início do mês e pela escassez do produto na região, já que boa parte das unidades encerrou a safra ou se manteve fora do mercado durante o período. Além disso, a oferta de etanol do Centro-Sul permanece limitada, diante do período de entressafra para a maior parte das usinas da região. No segmento vendedor, algumas unidades continuam priorizando a exportação do biocombustível e do açúcar, além da produção de etanol outros fins, como álcool neutro, 70% e álcool gel. Do lado comprador, distribuidoras seguem retirando volumes adquiridos anteriormente e através dos contratos.
Com as medidas mais restritivas na circulação da população e até mesmo lockdown em algumas regiões, a demanda dos compradores por etanol hidratado recuou em março. Em Pernambuco, houve redução de 51,56% no volume vendido do biocombustível frente a fevereiro. Na mesma comparação, em Alagoas, a retração foi de 58% e, na Paraíba, de 26,81% - com base nos Indicadores Mensais do Cepea/ESALQ de março. Quanto aos preços, em Pernambuco, a valorização foi de 20,77% frente a fevereiro para o Indicador mensal CEPEA/ESALQ do hidratado, que fechou em R$ 2,9517/litro em março. No caso do anidro, não foi possível divulgar o Indicador no mês, diante do número restrito de informações. O Indicador mensal CEPEA/ESALQ do hidratado de Alagoas fechou em R$ 2,8755/litro em março, alta de 22,08% frente a fevereiro. Para o anidro, a valorização foi de 14,19% na mesma comparação, a R$ 3,1555/litro. Para o Indicador mensal hidratado CEPEA/ESALQ, houve alta de 23,22% frente a fevereiro, fechando em R$ 2,9542litro em março. O Indicador mensal do anidro fechou a R$ 3,1247/litro, elevação de 13,40% entre fevereiro e março. Segundo informações divulgadas pelo Sindaçúcar de Alagoas, há expectativa que o processamento de cana atinja entre 17 e 17,5 milhões de toneladas pelas unidades do estado até o final da moagem.