PERSPECTIVA DE 2023 - Como esperado, existe ainda, neste início do ano de 2023, incerteza sobre a produção de cana-de-açúcar na região Centro-Sul do País no ano safra 2023/24, que se inicia oficialmente em abril. Consultorias que fazem estimativas de safra divergem em volumes projetados por cerca de 40 milhões de toneladas, mas todas indicam alguma elevação da moagem. Espera-se maior quantidade média de toneladas por hectare de cana plantada, devido ao clima favorável dos últimos meses. E, mesmo que haja pequena queda na média da quantidade de Açúcar Total Recuperável (ATR) por tonelada, o balaço deve favorecer um aumento de ATR total comparativamente ao do ano-safra de 2022/23 e uma elevação expressiva considerando-se o ano de 2021/22, que teve quebra de safra de grande magnitude. Dadas as condições mais favoráveis previstas para o mercado de açúcar, relativamente ao de etanol, o sentimento de mercado neste momento é de que o mix de produção do ano-safra 2023/24 se altere em favor do adoçante. Com a mudança de governo, aumentam as dificuldades de se prever mix de produção, embora as incertezas no mercado de combustíveis, por si só, possam ser fator determinante de um mix potencialmente mais açucareiro. Uma análise prospectiva do mercado de etanol no Brasil deve abordar condições internacionais previstas para combustíveis fósseis, mesmo que ainda não haja definição sobre a política de repasse de preços a ser adotada pela Petrobras (BVMF:PETR4).
Analistas do mercado de combustíveis consideram que, em 2023, a cotação média do petróleo deve ficar abaixo da verificada em 2022, fundamentados na desaceleração da economia mundial. Apesar da prevista redução do preço de combustíveis fósseis em 2023, este ainda deve operar em patamares superiores aos registrados em 2020 e 2021, o que minimiza o efeito “teto” que é adverso ao mercado de combustíveis renováveis. Além da velocidade dos repasses dos preços internacionais de petróleo e derivados para os domésticos, outros fatores causam grande incerteza sobre os patamares de preços que vigorarão no mercado doméstico de combustíveis renováveis, podendo-se citar especialmente a desoneração dos impostos federais (PIS/Cofins zerados). Outros fatores a serem considerados são a continuidade da fixação do teto da alíquota de ICMS e a redução da base de cálculo deste imposto pelos estados. O destaque no mercado de etanol é o crescimento significativo do biocombustível produzido a partir do milho, que contribuirá de forma significativa já para a manutenção da produção nos volumes requeridos. Considera-se que, apesar das incertezas do mercado de etanol, a produção do combustível possa ter ligeiro aumento comparativamente ao ano-safra anterior, mesmo que a condição de mix mais açucareiro se concretize.
JANEIRO - Os preços dos etanóis hidratado e anidro subiram na última semana de janeiro no mercado spot do estado de São Paulo. Esse movimento, contudo, não foi suficiente para reverter as fortes quedas registradas nas três semanas anteriores. Assim, mesmo janeiro sendo caracterizado pela entressafra, o mês fechou com os valores acumulando queda. A demanda pelo etanol hidratado se reaqueceu no final de janeiro, especialmente após o anúncio da Petrobras de reajuste da gasolina nas refinarias, ocorrido no dia 24. Esse fato levou algumas distribuidoras a participar mais ativamente das compras. Assim, no acumulado de janeiro (considerando-se a última semana de dezembro e a última de janeiro), os Indicadores CEPEA/ESALQ semanais do hidratado e do anidro apresentam respectivas baixas de 6,9% e de 7,66%.