A produção de etanol ganha espaço em estados fora de SP e estados nordestinos. Sobretudo, com o aumento de produção de etanol hidratado oriundo de novas fontes de matéria-prima, como o milho. Novas fabricas já estão em fase de instalação, em projetos e algumas, operando. Em meio a este tema, a viabilidade econômica de operação de usinas de etanol de milho, este artigo tenta auferir algumas questões: a dinâmica dos preços do etanol hidratado na praça de São Paulo e Mato Grosso, a correlação entre os preços, os fenômenos de sazonalidade dos preços, e a viabilidade de uso dos contratos futuros de etanol, pela B3 (SA:BVMF3). Os preços de etanol, independente da matéria-prima e do estado de origem, tem seus preços correlacionados com os valores comercializados no estado de São Paulo. No gráfico 1, abaixo, com base nos preços divulgados pelo CEPEA/ESALQ/USP, temos os preços de etanol hidratado, nas praças de SP (indicador CEPEA), os preços do etanol hidratado em MT (CEPEA) e a diferença de preços de MT para SP.
Os preços de ambas as praças apresentam variações correlacionados, ao longo do tempo. Acima de 0.93. Os preços no estado do Mato Grosso foram superiores aos preços de São Paulo, em média, em 0,28. A diferença de preços do etanol nos dois estados variou ao longo do tempo. Ao se analisar dados de 2012 até 2013, observou-se variações próximas de 0.10 até superiores a 0.50. A maior diferença de preços foi observada no mês 04/2016, acima de 0,50 por litro. A menor diferença entre as praças ocorreu no final do mês 09/2015, abaixo de 0,10 centavos por litro. Um comportamento recente, indicado pelos dados, é a redução das diferenças de preços próximo ao mês 09, nos anos de 2015, 2016 e está ocorrendo em 2017. Já o aumento do diferencial de preços entre MT e SP ocorreu, com mais intensidade, nos meses próximos a Março, nos anos de 2014, 2016 e 2017, quando o diferencial esteve próximo a 0,50 centavos por litro. Um estudo estatístico do diferencial de preços entre Mato Grosso e São Paulo, com base em observações de preços semanais, o histograma foi feito e resumido no Gráfico 2, abaixo.
Dividiu-se o histórico de diferencial de preços em blocos de faixas de preços, de 0,10. A série de preços compreende ao período de 2012 a 2017. A faixa de diferencial de preços que obteve maior número de observações foi 0,30, com 110 obervações, seguido de 0,40, com 86 obervações, e 0,20 com 50 obervações. Com relação aos preços de etanol hidratado no MT, em nível mais detalhado, fez-se um histograma, abrangendo o período de 2012 a 2017, com base em preços semanais. Segue abaixo no gráfico 3.
Ao se dividir o histórico de preços do etanol hidratado em blocos de 0,20, observou-se que a faixa de preços com maior número de observações foi a faixa de R$ 1,50 / litro, com 79 observações. Seguido pela faixa de R$ 1,70 / litro, com 63 obervações e R$ 1,90 / litros com 33 observações. Uma vez conhecida o diferencial de preços, entre a região de São Paulo, utilizando-se o indicador CEPEA, e a região de estudo, no caso, o Mato Grosso, pode-se utilizar com mais acurácia as ferramentas de proteção de preços na Bolsa B3. Um fator limitante, embora não torne impossível a estratégia, é a pequena liquidez nos contratos futuros de etanol negociados na bolsa de valores no Brasil. Segue, com dados do dia 10/11/2017, o número de contratos aberto (posições abertas ainda não liquidados, ou seja ainda podem ser liquidados ou esperar o vencimento e o exercício). Segue gráfico 4. (Cada contrato equivale a 30 metros cúbicos)
Dezembro de 2017 é o vencimento com maior número de contratos abertos, 930, seguido de Janeiro 2018, com 719, e Novembro 2017, com 603. O número de contratos negociados no dia 10/11/2017 seguiu ordem parecida, com Dezembro sendo o mais negociado, com 628, Janeiro, com 343, e Fevereiro, com 125. Novembro teve apenas 15 contratos negociados. Os números de negócios foram baixos, com destaque para o vencimento de Dezembro 2017, com 20 negócios no dia. Estes negócios movimentaram R$ 33.484.290.
Maurillo Marcondes Lários Naves